ÉLCIO MÁRIO PINTO – ‘SEGREDOS PARA LAILA’
Laila Vitória fará 3 anos e mora em Taperoá/Paraíba
Quando a menina chegou da “Escolinha”, sua avó estava na sala. Assim que ela entrou, ouviu:
– Laila, minha querida, deixe o seu material na cadeira e sente-se aqui, ao meu lado, porque quero contar uma coisa a você.
A criança sorriu de felicidade, afinal, sua vovó queria falar alguma coisa que devia ser muito importante. Então, colocou a mochila na cadeira, correu e sentou-se no sofá. Depois que estava confortável, a vovó falou:
– Eu tenho uma coisa para contar.
– O que, vó?
– É um segredo que, até hoje, nunca contei a ninguém e quero que você seja a primeira pessoa da família a ouvir.
– Nossa!
Laila estava muito feliz, porque era a escolhida para ouvir o que ninguém sabia, o que estava guardado no coração e na memória de sua avó.
Desde que nasceu, a criança sentia aquela vontade de conhecer as coisas e entender: onde será que a água nasce? Era esta a pergunta que Laila sempre fazia a si mesma, mas nunca teve uma resposta.
Para o susto da pequena, a vovó falou:
– O segredo que quero contar a você é sobre a água.
– Nossa, vó! É sobre a água que eu penso todo santo dia.
– O que é que você pensa?
– Eu penso assim: onde será que a água nasce?
– Pois agora, chegou a hora de descobrir.
– Então, a senhora sabe?
– Sim, minha querida neta, eu sei!
Laila nem conseguiu falar qualquer coisa. Ela só tinha vontade de sorrir e abraçar sua vó. E foi o que aconteceu. Naquele sofá macio, na sala da casa da mamãe e do papai, as duas se abraçaram e a vovó, até chorou de alegria!
Quando a criança viu duas lágrimas no rosto da vó, perguntou:
– É água?
– É.
– As duas nasceram nos seus olhos?
– Estas gotas de água, sim, nasceram aqui.
– Puxa vó! Eu nunca pensei que os olhos fossem pai da lágrima.
– Um olho é pai, você tem razão. E o outro é a mãe.
– É por isso que os dois, juntos, fazem nascer água?
– Muito bem, Laila, é por isso, sim!
A vovó estava muito feliz com a menina que queria saber das coisas e entendia o que ela explicava! E não era só isso. Laila era uma criança que aprendia tudo muito rápido e dizia do que gostava e do que não gostava. Ela falava a verdade, sempre!
– Também quero contar a você sobre a água que nasce em outros lugares.
– Quais?
– Sabe de uma coisa, minha criança, existe um grande segredo na Natureza que é este: as gotas de água dos oceanos, dos mares, dos rios, das lagoas e até das poças depois da chuva, nascem nas matas e nas florestas.
– Lá, nas matas e nas florestas, existem berços para todas as gotas de água?
– Existem sim.
– E como são?
– São as pedras, as montanhas e o chão úmido. Todos eles são os berços para as gotas de água que estão nascendo.
– Como é que elas crescem?
– As gotas crescem quando se unem umas às outras. Na Natureza é assim: os filhotes só crescem quando estão juntos, porque filhote separado não consegue viver muito.
– Eu também não consigo ficar muito tempo longe da mamãe e do papai.
– Então, você está me entendendo muito bem. Mas, tem uma outra coisa muito importante para dizer a você.
– O que é, vó?
– Se as matas e florestas forem cortadas e se acabarem, também as gotas de água se acabarão e aí, será o fim de todos os seres vivos.
– Então, não podemos deixar que cortem as matas e as florestas.
– Você tem razão. Não podemos!
Ao ouvir que sua vó concordava com a sua ideia falada e o seu jeito de ser que defendiam toda a Natureza, Laila disse:
– Vó, sem água, quem é que consegue viver?
– Ninguém, ninguém consegue!
– Está vendo?
– O quê, criança?
– Temos que proteger todas as gotas e todas as águas, mesmo que elas estejam no oceano, bem longe. Também temos que proteger as águas que estão aqui, bem perto.
– É isso mesmo! Temos que falar para todas as pessoas que precisamos proteger as águas e todas as suas gotas. Se não fizermos esse trabalho em conjunto, a vida se acabará na Terra.
Laila ficou pensando nas gotas de água, desde aquelas que nascem nos olhos das pessoas até aquelas das matas e florestas que vão para o mar.
– Vó, e como é que o oceano se forma?
– Isso acontece quando uma gota se junta com outra e mais outra e mais outra… E aí, quando todas se unem, formam a imensidão de água que você pode ver numa praia. Mas, também pode ver num rio, num riacho e em outros lugares.
Para a vovó da menina, era um segredo a ser contado, mas para a esperta Laila…
Enquanto pensava, percebeu que seu vovô entrava na casa pela sala, vindo lá da praça. Ela então, olhou direto para ele e disse:
– Vô, agora eu aprendi que a Natureza tem muitos segredos!
ÉLCIO MÁRIO PINTO
- Como o jornalista Helio Rubens vê as coisas - 9 de janeiro de 2024
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 27 de dezembro de 2023
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 22 de dezembro de 2023
É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.