novembro 22, 2024
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Pedro Novaes: 'Carnaval'

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colunista do ROL

Pedro Israel Novaes de Almeida – CARNAVAL

 

O carnaval é a trégua que o país está merecendo.

Por quatro dias, os três poderes estarão inoperantes, embora persistam as tramas e conversações de sempre. A indústria estará parada, enquanto os setores de serviços e turismo acelerarão o ritmo.

Crianças brincarão com máscaras, e algumas reviverão o velho hábito de jogar água nos transeuntes. Cervejas, refrigerantes e carnes lotam geladeiras, como que anulando as economias geradas pelo finado horário de verão.

O carnaval de salão, com milhões de adeptos, sobrevive, Brasil afora. Seu maior atrativo é o ambiente mais seguro, com maior familiaridade entre os foliões.

Nos salões, os maridos dormitam, enquanto as mulheres fazem estranhas acrobacias, sobre as mesas. Vez ou outra, uma olhadinha pelo salão, para verificar se a filha ainda está presente.

Na folia, em pleno salão, o sexo outrora frágil dança descalço, com os pés rezando para não serem pisados. Confetes e serpentinas lotam o ambiente.

Nas ruas, blocos reúnem multidões, sob o domínio do frevo, axé, samba e marchinhas. Banheiros públicos formam longas e nervosas filas de apressados.

Há salões em plena rua, com ingresso permitido a portadores de abadás. Há camarotes de luxo, franqueado a convidados, não raro celebridades.

Foliões mais contidos pulam o carnaval com Deus, em retiros onde impera a camaradagem. Revigoram preceitos e certezas.

Peixes baixam decretos de emergência, alertando para o engodo das iscas, lançadas por churrasqueiros que passam o carnaval cultuando barrigas e ócios. Aposentados aproveitam o feriado de sempre para rever a família e providenciar reparos nas casas.

Emissoras de TV fazem coberturas cansativas dos carnavais, parecendo ignorar que os adeptos de Momo não ficam olhando a telinha, no período. Bundas e seios tornam-se cenas comuns, nas telas.

O carnaval, descontração coletiva, reflete o índice de civilidade dos que o vivenciam. Acidentes, violência e crimes persistem ocorrendo, alguns com maior intensidade.

Álcool, drogas e permissividade podem imperar, em determinados ambientes, deixando marcas profundas em suas vítimas.

Administrações populistas persistem injetando recursos públicos nos festejos, como se andassem fartos. Alguns conseguem apagar o que restava de espontaneidade e naturalidade de alguns grupos de foliões, transformados em comensais do erário.

O carnaval pode ser uma festa saudável e alegre. Depende de cada folião !

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

 

 

Helio Rubens
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