setembro 19, 2024
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Mais um colaborador 'de alta qualidade' enriquece o nosso ROL: Paulo Roberto Costa

Ele estréia no ROL com uma belíssima crônica e cercado de grande expectativa para mim, que sou um dos editores do ROL, mas primeiro saiba quem é esse tal Paulo Roberto Costa, contado pelo próprio. (acho que V. também vai gostar dele!) (Helio Rubens, editor)

 

Um tal de Paulo Roberto Costa

Falar sobre si mesmo para quem não é ególatra pode se tornar, às vezes, uma tarefa ao menos ingrata.

Sempre tive comigo que os currículos que enviamos para as empresas sempre buscavam mostrar o que sabíamos fazer, mas, propositalmente, nunca revelar exatamente o que somos de verdade.

Minha infância, em Sorocaba, interior de São Paulo, foi passada nas ruas onde moramos até a adolescência e nos campinhos que na época ainda abundavam na região, dos quais hoje restam apenas algumas fotos esmaecidas pelo tempo.

Apesar de participar das peladas e brincadeiras diárias com a turminha da rua, gostava muito de ficar sozinho com meus brinquedos, inventando histórias e aventuras no quintal de casa, em meio às plantas que se transformavam em florestas e explorando o porão de nossa casa, que, apesar de assustador, oferecia horas de aventura e entretenimento.

Com o passar dos anos passei a dedicar-me ao desenho. Desenhava horas a fio, tentando colocar no papel as histórias que antes vivia com os bonecos de super-heróis. Adorava as caricaturas e sonhava em fazer um curso de desenho, o que nunca consegui, pelas dificuldades próprias da época, além da inexistência de cursos desse tipo em nossa cidade.

Na adolescência, entrei no mundo da música, aprendendo a arranhar o violão quase que de forma autodidata. Comecei, da mesma forma, a estudar inglês, uma vez que os cursos eram muito caros e acabei descobrindo que tinha facilidade com idiomas. Adorava fazer palavras cruzadas e, com um tio um tanto hermeneuta, visitávamos igrejas e até cemitérios em busca de frases em latim para traduzi-las. Muito mórbido, mas serviu de incentivo para o estudo de idiomas. Posteriormente estudei italiano e espanhol. Por puro prazer.

A adolescência trouxe também as costumeiras incertezas quanto ao futuro. Por razões que acho que nunca vou entender, acabei prestando vestibular e entrei no curso de Estatística, da Unicamp. Diziam que era a profissão do futuro e que nos Estados Unidos não se fazia nada sem a intromissão de um estatístico. Dois anos depois, desiludido, acabei mudando de curso e entrei para a área de Ciências da Computação, ainda na Unicamp, onde acabei me formando.

Sempre gostei da área de exatas, mas nunca fui verdadeiramente apaixonado. Trabalhei em várias empresas multinacionais e nacionais, com uma carreira profícua, mas que nunca me deu satisfação, até porque o sucesso profissional sempre foi acompanhado por um nível de exigência incompatível com meu lado sonhador, visto que exigia um pragmatismo absoluto e certa insensibilidade humana, próprios das grandes corporações.

Depois de muitas decepções no mundo corporativo, decidi não mais trabalhar para empresas e, apesar de ainda fazer algumas consultorias, acabei enveredando para o mundo do turismo, promovendo viagens de final de semana que, embora não sejam muito rentáveis, dão muito prazer e vêm ao encontro da minha paixão por conhecer lugares e povos diferentes.

Fascinado com a personalidade humana e suas infinitas variações, formei-me terapeuta floral e fiz diversos trabalhos voluntários em comunidades carentes, depois de usar toda a família como cobaias, obviamente. Estudei Do In, Cura Prânica, Reiki, cristais e toda a miríade de tratamentos alternativos, abstendo-me, por um tempo, de ingerir carne e bebida alcoólica. Foi um período no mínimo depurativo, mas que me ajudou a me conhecer um pouco melhor e a ver as pessoas por um ângulo mais condescendente.

Comecei também a escrever, como forma de extravasar as pressões da profissão, sem ainda, obviamente, a menor orientação literária, incentivado primeiro pela paixão pela leitura que me acompanha desde a infância, depois por minha mãe, que sempre quis encontrar nos escritos dos filhos uma forma de conhecê-los melhor e, finalmente, do meu irmão, poeta e escritor, que consegue ver nos meus alfarrábios valores outros que não somente o resultado das minhas catarses.

A literatura aparece neste momento da minha vida, no qual ainda estou trilhando os caminhos do autoconhecimento, como um admirável mundo novo, este sim com muitos livros, ou ao menos assim espero, com promessas de, no mínimo, deixar aflorar um tal de Paulo Roberto Costa que talvez eu mesmo ainda não conheça.

 

Eis sua primeira participação no ROL:

Entre Coxinhas e Mortadelas

 

Nunca entendi muito de política.  Só o suficiente para saber que, como religião, é um assunto sobre o qual ninguém se entende. Puro tabu. Mais fácil falar de sexo. Pelo menos sobre isso há um consenso: todos mentem!

Já na política, existe a Situação e a Oposição. Tão universal como a respiração.  Ora inspira ora expira. Às vezes a maré muda: a Oposição assume e a Situação, desbancada e despeitada, vira Oposição. E, no meio deles, nós – o povo, que a exemplo dos “carneiros de Panúrgio” – personagem de “Pantagruel”, do escritor francês Rabelais que seguiam cegamente seu líder rumo ao desastre, seguimos os líderes do momento, num panurgismo gritante!

Apoiamos a lei do que grita mais alto ou dos que nos defendem daquilo que mais nos dói em um determinado momento. Porém, se o momento muda ou a nossa dor muda de lugar, da mesma forma e com a mesma celeridade mudam as nossas opiniões e sentimentos. Ai daqueles que nessa hora estão no lado contrário ao da nossa dor!

Não conseguimos entender como pessoas sobre as quais tínhamos tão alto conceito conseguem apoiar ou defender aquele outro lado, acreditar nas mentiras deslavadas e promessas tão falsas como notas de três reais.

Não importa se são da Situação ou da Oposição.  Se são “Coxinhas” ou se são “Mortadelas”.  Ou carregam a nossa bandeira ou estão com algum problema.

Como podem se deixar enganar assim?

Altruisticamente nos sentimos tentados a esclarecê-los postando obsessivamente centenas de mensagens em e-mails e, principalmente, nas redes sociais.  Se isso não funciona, lamentavelmente só nos resta uma alternativa drástica: cortá-los da nossa página do Facebook!

Que pena! Eram tão legais! Que pena!  Mas, são Coxinhas! Ou serão Mortadelas?

 

Helio Rubens
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