Uma das figuras mais conhecidas do início da década de 80: Pedro Saravá
Tipógrafo notável, Pedro Campolin conseguia completar em poucas horas uma página inteira do jornal Aparecida do Sul, sem errar nada, apesar de todas as páginas serem inteiramente compostas com pecinhas de chumbo representando cada uma, uma letra ou um sinal gráfico.
A impressão do jornal era feita em Itapetininga, no final da década de 70 e inicio de os anos 80, em tipografia. OA impressão em offset chegou bem depois.
Cada página era composta uma a uma e depois, montadas em chapas de ferro, eram amarradas e fixadas na impressora e impressão era feita a cada duas páginas.
O jornal Aparecida do Sul, criado inicialmente para apoiar a Igreja da Aparecida, era um semanário e tornou-se em um jornal normal nas mãos do saudoso José Salem. Foiram posteriormente proprietários dele o próprio João Saravá, o Carlos Fidêncio, eu, e a médica capãobonitense Edna Bugni.
Os anos 80 foram um tempo difícil para os jornalistas, não só devido à precariedade dos equipamentos, como principalmente devido à rigida censura à imprensa imposta pela ditadura militar.
Pedro Campolin era chamado de ‘Pedro Saravá’ não sei porquê, mas sei que ele era uma pessoa especial, um ser humano notável e um profissional de alta qualidade. Além de ser o melhor tipógrafo (ele compunha uma página inteira do jornal, que tinha formato ‘tabloide grande’, apenas olhando o texto datilografado enquanto pegava cada letra, sem olhar, em uma caixa de madeira que era dividida em casulos: uma para cada letra ou simbolo. E sem errar nenhuma letra!
O único problema do Pedro é que ele era alcoólatra e, pelo menos uma vez a cada três meses, aparecia bêbado. Nós, os jornalistas, ficávamos sabendo que o jornal não iria ser composto naquele dia, pois de dentro da redação já ouvíamos os ‘uivos’ do Pedro Saravá chegando…
Recordo-me com saudade desse homem que nasceu em Itapeva, de onde nunca se desligou totalmente, e que primeiro pensava nos outros, depois nele mesmo.
Espero que amigos dele e companheiros meus de jornalismo daquela época tenham uma foto do Pedro Saravá para ser publicada aqui.
Serão muito bem vindos também, textos assinados falando sobre ele.
Helio Rubens de Arruda e Miranda
Julho 17
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.