Paulo Roberto Costa: ‘O Chico’
Tudo aconteceu muito rápido e só o Chico estava lá para testemunhar. Ele mesmo só se deu conta meio sem querer.
Estava sozinho, deitado na grama do pequeno campinho onde aos domingos a criançada jogava futebol, pensando nos importantes assuntos que os meninos de sete anos têm para se preocupar.
Lamentava não ter trazido sua pipa, pois uma leve brisa começara a soprar. Estava absorto em seus devaneios, quando alguma coisa chamou sua atenção. Virou-se e foi então que viu o homem. Estava um pouco longe é verdade, mas conseguia vê-lo perfeitamente. Chamou sua atenção o chapéu engraçado que usava. Endireitou-se, estreitou os olhos para ver melhor e ficou a observá-lo por alguns momentos.
Mas, o que era aquilo que estava atrás do homem? Parecia um leão, mas não tinha muita certeza, porque a juba não era tão grande como as que ele vira nos filmes. Todavia, o animal era grande e ia em direção ao homem lentamente, como que a espreitá-lo.
O homem começou a se mover, mas o animal se movia um pouco mais rápido. Sentou-se para observar melhor. Pensou até em gritar para avisá-lo, porém, mesmo que o fizesse, para onde ele correria? Sabia que os animais correm muito mais rápido do que os homens. Não conseguia se mover e não conseguia tirar os olhos da cena. Sentia a boca seca com o animal se aproximando cada vez mais e mais. Temia que ninguém fosse acreditar no que estava presenciando, pois os adultos sempre diziam que ele tinha imaginação fértil – embora ele não soubesse exatamente o que isso significava, e que vivia a inventar histórias.
Queria muito que seu amigo Toninho estivesse ali com ele. Ele, com certeza, saberia identificar melhor o animal. O Toninho sabia tudo.
Finalmente, o animal alcançou o homem. Nesse momento, de repente, as imagens ficaram muito confusas e misturadas. Foi tudo muito rápido. Não sabia mais dizer qual era o homem e qual era o animal. Ora via partes de um, ora do outro.
Instantes depois já não conseguia identificar mais nada. Tudo se acabara. O Chico, então, suspirou, deitou-se novamente de costas com as mãos atrás da nuca e pôs-se a contemplar outros cantos daquele imenso céu azul em busca de outras nuvens cheias de novas aventuras.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024