novembro 22, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

Paulo Roberto Costa: 'O Chico'

image_pdfimage_print

Paulo Roberto Costa: ‘O Chico’

 

Tudo aconteceu muito rápido e só o Chico estava lá para testemunhar. Ele mesmo só se deu conta meio sem querer.

Estava sozinho, deitado na grama do pequeno campinho onde aos domingos a criançada jogava futebol, pensando nos importantes assuntos que os meninos de sete anos têm para se preocupar.

Lamentava não ter trazido sua pipa, pois uma leve brisa começara a soprar. Estava absorto em seus devaneios, quando alguma coisa chamou sua atenção. Virou-se e foi então que viu o homem. Estava um pouco longe é verdade, mas conseguia vê-lo perfeitamente. Chamou sua atenção o chapéu engraçado que usava. Endireitou-se, estreitou os olhos para ver melhor e ficou a observá-lo por alguns momentos.

Mas, o que era aquilo que estava atrás do homem? Parecia um leão, mas não tinha muita certeza, porque a juba não era tão grande como as que ele vira nos filmes. Todavia, o animal era grande e ia em direção ao homem lentamente, como que a espreitá-lo.

O homem começou a se mover, mas o animal se movia um pouco mais rápido.  Sentou-se para observar melhor. Pensou até em gritar para avisá-lo, porém, mesmo que o fizesse, para onde ele correria? Sabia que os animais correm muito mais rápido do que os homens. Não conseguia se mover e não conseguia tirar os olhos da cena. Sentia a boca seca com o animal se aproximando cada vez mais e mais. Temia que ninguém fosse acreditar no que estava presenciando, pois os adultos sempre diziam que ele tinha imaginação fértil – embora ele não soubesse exatamente o que isso significava, e que vivia a inventar histórias.

Queria muito que seu amigo Toninho estivesse ali com ele. Ele, com certeza, saberia identificar melhor o animal. O Toninho sabia tudo.

Finalmente, o animal alcançou o homem. Nesse momento, de repente, as imagens ficaram muito confusas e misturadas. Foi tudo muito rápido. Não sabia mais dizer qual era o homem e qual era o animal. Ora via partes de um, ora do outro.

Instantes depois já não conseguia identificar mais nada. Tudo se acabara. O Chico, então, suspirou, deitou-se novamente de costas com as mãos atrás da nuca e pôs-se a contemplar outros cantos daquele imenso céu azul em busca de outras nuvens cheias de novas aventuras.

Sergio Diniz da Costa
Últimos posts por Sergio Diniz da Costa (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo