“A traição ocorre em vários níveis: pode-se trair uma causa, um ideal. Talvez Judas seja o protótipo da traição, mas ele sempre teve outra visão do que fosse o reino de Deus. Tiradentes, para a coroa portuguesa, foi um traidor, para os brasileiros o traidor foi Joaquim Silvério do Reis, depende então do ponto de vista, do lado que você está.”
A traição ocorre em vários níveis: pode-se trair uma causa, um ideal. Talvez Judas seja o protótipo da traição, mas ele sempre teve outra visão do que fosse o reino de Deus. Tiradentes, para a coroa portuguesa, foi um traidor, para os brasileiros o traidor foi Joaquim Silvério do Reis, depende então do ponto de vista, do lado que você está.
Mas a traição de sentimentos parece-me ser a mais comum nos dias remotos e atuais. Aqui falamos da traição quando há um relacionamento estável entre um homem e uma mulher.
Existem relacionamentos bilaterais, onde o homem e mulher possuem o seu “caixa dois” ou “relacionamento não contabilizado”, ou ainda relacionamento mensalão… A terceira pessoa é coautora na traição, porque o faz intencionalmente sabendo dos fatos, entretanto não se sente traidora, porém se o companheiro(a) incluir um novo relacionamento neste triângulo, aí a “outra” ficará toda(o) ofendida(o) por estar sendo traído. É aquela história: “pimenta no … dos outros é refresco”.
Então, voltamos à premissa que a traição depende do lado que você está. Justiça e Direito nem sempre andam juntas.
Mas o que leva à traição num relacionamento? Seria o instinto caçador do homem? Seria a insatisfação da mulher? Ou seria a pura sem-vergonhice dos dois? Ouço muitas conversas do tipo “não saio nunca com o pensamento em arrumar mulher, mas se aparecer e ficar dando mole, sou obrigado a tomar uma atitude, senão vai ficar falando que sou viado”. Ou então “tenho tudo que quero em casa, mas se outra mulher vier muito pra cima, tenho que honrar minha masculinidade”.
Tudo conversa fiada. O homem tem o chamado “tesão de momento”, puramente físico. Essa é a hora em que a cabeça de baixo pensa mais que a de cima. Consumado o ato, geralmente ele nem sequer olha na cara da fulana. Por quê? Porque foi puramente físico. E a mulher, por que trai? Insatisfação, fantasia, ou outro fetiche qualquer. A mulher não trai por trair, ela é levada a esse ponto, diria mesmo estimulada por seu companheiro. Não! não estou falando que o companheiro diga a ela “saia e vá me trair”. Ele não fala com palavras, mas com atitudes e gestos. Dependendo do grau de tolerância da mulher, ela vai trair agora ou depois, basta encontrar o homem gentil, educado, que a ouça, que tenha boas maneiras, bem trajado, igual ao marido quando eles ainda namoravam.
Quem não traiu? Sem hipocrisia, que atire a primeira pedra. E quando digo trair, pode ser no real ou no imaginário, está cheio de mulheres e homens que vivem traindo mentalmente, até mesmo com pessoas bem próximas. Aí basta criar coragem para sair do virtual e entrar no real.
Podemos ficar falando do assunto por mais umas tantas páginas, não iremos chegar a uma conclusão fática, porém sempre haverá o falso puritano que dirá com grande pompa “quem ama não trai”, e logo mais a noitinha vai se encontrar com uma garota de programa, e paga. Esse é traidor e burro!
Andrade Jorge – andradejorge2@bol.com.br
Escrito em Agosto/2005
- Organização, gestão do lar e mesa posta - 22 de novembro de 2024
- Vernissage de exposição artística - 20 de novembro de 2024
- Renascimento verde - 18 de novembro de 2024
Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024