setembro 16, 2024
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Pedro Novaes: 'Insanidade Coletiva'

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 Pedro Israel Novaes de Almeida – INSANIDADE  COLETIVA

 

Resultado de imagem para insanidadeEstá decidido: escolherei, dentre os candidatos à presidência, algum que seja psiquiatra.

O povo vive a ilusão de que surgirá um justiceiro celeste, montado em cavalo branco, para açoitar corruptos e fisiológicos, aninhados nos poderes e cofres de nossa infeliz república.  Na falta do cavalo, serve, também, um caminhão.

Os caminhoneiros iniciaram um movimento paredista, repletos de bons motivos, há anos sofrendo o desdém dos governos. As pautas de reivindicações, tão difusas quanto as lideranças da categoria, eram de cunho econômico e financeiro, aí incluída a tão desejada previsibilidade do resultado dos feitos profissionais.

A contundência e eficácia do movimento recebeu o apoio incondicional da maioria da população, eis, que, até que enfim, uma categoria havia conseguido emparedar políticos e administradores, sem bandeiras sindicais ou partidárias.  Em delírio, a população creditou, aos grevistas, objetivos e inspirações que jamais corresponderam aos objetivos iniciais do movimento.

Descrentes da representação política formal, indignados com os absurdos casos de corrupção e desmandos, diariamente noticiados, os brasileiros conferiram, aos caminhoneiros, a missão de purificar todos os insalubres recônditos da nação. Manifestações de apoio surgiram, aos milhares, e até a entonação, emocionada, do hino nacional, completaram a paisagem, de redenção nacional.

Engrandecidos, os caminhoneiros passaram a agir como autênticos deuses, mandatários ditadores de uma republiquinha qualquer. O direito de ir e vir, com cargas, passou a ser beneplácito, conferido por tribunais de exceção, montados rodovias afora.

O país parou, criadores não tiveram o direito de alimentar animais e aves, e horticultores jogaram ao lixo produções impedidas de transitar. Indústrias paralisaram atividades, e mercadorias faltaram, enquanto hospitais adiaram cirurgias e atendimentos.

Todos perdemos. Direitos, ao mais comezinhos, foram desrespeitados.

O aparato repressivo do Estado foi elevado a negociador paciente, por vezes omisso, em nome de negociações que ignoraram os cidadãos vitimados. Vivemos, ainda, a ditadura dos caminhoneiros.

Leis e respeitos, constitucionais e civilizados, acabaram impunemente descumpridas, pelos aclamados salvadores da pátria. O acatamento, pelos governantes, da maioria das reivindicações, não impediu o prosseguimento dos abusos e transgressões, agora apimentadas pelos estímulos à derrubada dos governos, com apelos e aplausos à intervenção militar.

Petroleiros, oportunistas e tendenciosos, ameaçam paralisações, piorando a situação e expectativas de normalização da vida nacional.

‘        O povo, sofrido e desnorteado, aplaude, inebriado pela doentia sensação de que tempos felizes se aproximam. Trata-se de flagrante transtorno coletivo.

Está, a maioria, à espera do Messias, ainda que ditador e desrespeitoso.

 

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

 

Helio Rubens
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