“Angenor de Oliveira, o Cartola, não gostava de estudar, sendo expulso de todas as escolas que frequentou. Assim, quando sua mãe faleceu, seu pai mandou-o tratar da vida.”
Cartola nasceu no Catete, bairro do Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908, e faleceu em 30 de novembro de 1980, no mesmo Rio de Janeiro.
Ele só foi saber que se chamava Angenor e não Agenor, como pensava, no dia do seu casamento, quando precisou da certidão de nascimento.
Angenor de Oliveira, o Cartola, não gostava de estudar, sendo expulso de todas as escolas que frequentou. Assim, quando sua mãe faleceu, seu pai mandou-o tratar da vida.
Após vários empregos, foi trabalhar na Construção Civil, onde aprendeu a profissão de pedreiro. Para proteger-se do pó de cimento que caia em sua cabeça, ele arranjou um chapéu-coco, daí nasceu o apelido: Cartola.
Esse simples pedreiro, sem nenhuma formação acadêmica, mas com a alma plena de poesia e o coração cheio de música, magistralmente foi capaz de compor verdadeiras obras-primas, sucessos inesquecíveis do nosso cancioneiro. Tais como, O Sol Nascerá, Tive Sim, Acontece, O Mundo é Um Moinho, As Rosas Não Falam e muitos outros.
As Rosas Não Falam é provavelmente o seu maior sucesso, perenemente entronizado na galeria de clássicos da nossa MPB. Mas, sobre essa música, falaremos em outra ocasião.
Hoje, vamos falar sobre outro clássico, O Mundo é Um Moinho, composto em 1975. É mais um dos inconfundíveis sambas de Cartola, de ritmo sincopado, um pouco lento. Esta composição é marcada pela excepcional beleza melódica, que é uma das características da obra do autor.
Já, a letra, extremamente poética, suscitou mais uma lenda, largamente explorada na Internet. Ela nos leva a pensar que tivesse tido origem numa desilusão amorosa. No entanto, conforme a voz corrente, Cartola, realmente a compôs quando tomou conhecimento de que sua enteada, filha de Dona Zica, manifestou o propósito de sair de casa para se prostituir.
Ao ouvirmos os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão implacável pode ser a versão da lenda. Há quem defenda a hipótese de que a letra de Cartola seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa. Ele nunca confirmou, nem desmentiu essa afirmação.
Pois sim, é mais uma afirmação que casa muito bem com a realidade. Confira a letra e vejam se não é coerente com a verdade.
O MUNDO É UM MOINHO
Ainda é cedo, amor,
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida,
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor,
Presta atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Presta atenção, querida,
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estarás à beira do abismo
Abismo que cavastes com os teus pés
(Cartola)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024