A peça, que aborda a complexidade da vida psíquica, será apresentada no dia 1º e 02 de dezembro (sábado e domingo), às 20h
Na peça Doroteia, a complexidade da vida psíquica é desenvolvida num cenário de uma casa que só tem salas, onde três viúvas beatas – como as três Parcas da mitologia grega – tecem, como as fiandeiras, uma trama que torna evidente a relação entre sexo, culpa e morte.
Também faz parte da cena uma adolescente que nasceu morta e não sabe, homens ausentes, mas nomeados – o Nepomuceno, que inflige as chagas e emite gritos, o noivo Eusébio, o filho morto – e alguns objetos como o jarro e as botinas desabotoadas e, perpassando tudo e todos, a náusea e… O defeito de visão.
As três viúvas, d. Flávia, Carmelita e Maura, encarnam o horror ao sexo, trazido pelas suas falas em diálogos que ocorrem numa casa que não tem quartos, só salas, revelando a impossibilidade da intimidade das pessoas, dos segredos de alcova, das relações de amor e da sexualidade.
“Porque é no quarto que a carne e a alma se perdem! Esta casa só tem salas e nenhum quarto, nenhum leito… Só nos deitamos no chão frio do assoalho..”
Por que montar Doroteia hoje?
O mais fascinante no teatro é a possibilidade que um grande autor coloca em sua obra. Que é a possibilidade de se ter um caleidoscópio de visões/interpretações sobre uma mesma obra. Assim é Shakespeare – oceânico.
Doroteia parece ter sido escrita para o público de hoje. Uma casa/família onde apenas mulheres que têm a náusea são aceitas. As que não tiverem a náusea estão para sempre condenadas. Vivemos hoje uma onda de intolerância em vários níveis: religioso, sexual, racial e Doroteia nesses novos tempos é o ovo do nazismo. A referência ao nazismo é proposital, pois esse lar de castas senhoras é quase um microcosmo do próprio nazismo. Apenas mulheres com náuseas são admitidas, ou seja, apenas as arianas legítimas.
Nelson Rodrigues nunca será digestivo, sua obra é e sempre será apaixonadamente desagradável e necessária. Afinal o teatro ainda é a melhor plataforma para se pensar o Homem, e só existe teatro nacional com autores brasileiros.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Doroteia
Autor: Nelson Rodrigues
Direção: Mario Persico
Assistente de Direção: Julia Rodrigues
ELENCO:
Aline P. Correa
Felipe Rodrigues
Gabriela Pereira
Gaby Souza
Matheus Caruso
Paulo Ronchi
Rai Queiroz
SESSÕES:
01/12 (sábado) 20h
02/12 (domingo) 20h
INGRESSOS:
R$30 (inteira)
R$15 (meia)
LOCAL:
Teatro Escola Mario Persico
Rua da Penha, 823
Pagam meia estudantes, professores, aposentados, a classe artística e ingressos reservados.
Atendimento: de terça a sexta, das 13h00 às 18h00.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024