SOLUÇÃO POSSÍVEL
A humanidade, salvo raras e honrosas exceções, ainda sonha com o surgimento de um ditador honesto.
A democracia exige virtudes, respeitos e amadurecimento que costumam ser erigidos ao longo da história dos povos, não rara repleta de episódios de barbárie e privações, que ensinam e moldam a valorização de alguns conceitos e costumes. Povos que já comeram o pão que o diabo amassou são mais propensos ao estabelecimento de democracias.
Por aqui, são raros os momentos em que vivemos, de fato, uma democracia. Nossa história possui mais baixos que altos, e vivemos aos solavancos, desde 1.500.
O brasileiro médio pouco acredita em seus representantes, descrédito alimentado por séculos de desonestidades e pilhagens do patrimônio público. Falsos profetas e líderes de araque pontuaram nossa história política.
Sobrevivemos graças aos pendores naturais do agigantado território, à ação quase anônima de alguns pouco lembrados heróis e ao juízo histórico e civilizado trazido por migrantes de todo o mundo, que aqui aportaram. As religiões em muito colaboraram para que conseguíssemos atravessar séculos, domando as bestas de sempre, pouco tementes à polícia e com precária formação cultural.
Consideramos os políticos, nossos pretensos representantes, como inarredáveis fardos, e, a cada eleição, nutrimos a esperança de promover renovações capazes de algumas reformas que acabem por diminuir-lhes o potencial de desmandos. Aos poucos, renovações ocorrem, em meio a uma ou outra ilusão, revelada já no início dos mandatos.
Conseguimos, a duras e guerreadas penas, erigir instituições e iniciativas meritórias, como a Operação Lava Jato, que vem trancafiando e empobrecendo corruptos, públicos e privados. A Operação atraiu inimigos poderosos, que tentam, sem tréguas e escrúpulos, desacreditá-la.
Começam a surgir, aqui e acolá, iniciativas e grupamentos que pregam a honestidade e novos hábitos e culturas. Parcela responsável da população parece haver entendido que a água bateu na bunda, preciosa e insubstituível expressão popular.
Sem saúde, segurança e empregos, seguimos palco de verdadeiro surto de ideários simplistas e demagógicos, produtos de chavões tão mentirosos quanto de fácil assimilação. Vivemos a guerra de versões, onde a lembrança dos fatos sucumbe ao primarismo das ideologias que já infelicitaram povos em todo o mundo.
Somos uma sociedade em ebulição, onde as minorias persistem estridentes e as maiorias deixam, aos poucos, de ser silenciosas. O ambiente é propício ao amadurecimento.
Resta acreditar que podemos vencer a crise sem que algum cavaleiro honesto e justiceiro, montado em cavalo branco, venha impor-nos um cenário de ordem e respeito. Convém, a cada brasileiro de boa fé, montar seu próprio cavalo e galopar por aí, difundindo civilidades.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.