Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘SEM CLASSIFICAÇÕES’
Alguns para efeito didático, e outros para destilar preconceitos, dividem a agricultura em um sem número de classificações.
A agricultura familiar tem tido um significativo número de adeptos, que, não raro, emprestam-lhe um romântico sentido de estabilidade e bem estar social. Na verdade, trata-se de exploração conduzida majoritariamente por membros de uma mesma família.
Por outro lado, os produtores do chamado Agronegócio são, em referências tão desinformadas quanto ideológicas, tidos como nababos e concentradores, desrespeitadores do meio ambiente e exploradores da mão de obra alheia. São os alvos principais dos movimentos sociais que chegam ao absurdo de criminalizarem grandes culturas, como soja, cana e eucalipto, erroneamente tidas como chagas sociais.
Tais classificações, de precária aplicação prática, não conseguem criar estratos produtivos reconhecíveis, a não ser a agroindústria e a agricultura extrativista. O gigantesco reino da agricultura abomina classificações e generalidades de fácil digestão.
No Brasil, muitas propriedades e explorações são de responsabilidade de cidadãos com profissões urbanas, como médicos, engenheiros, professores, comerciantes e aposentados em geral. Tal estrato é pródigo na geração de empregos formais, mesmo quando a propriedade é financeiramente deficitária.
Constitui, reconhecidamente, um banco genético de elevador valor, pela variedade de animais e plantas que envolve. Não raro, pratica a meação ou o consentimento para cultivos informais.
Cresce, a cada dia, o número de horticultores, extremamente permeáveis a novas tecnologias, facilmente identificáveis pelo fato de haverem trocado o chapéu pelo boné, a bota pela botina e a secular rusticidade por hábitos e conversas mais amistosas. Dedicam-se a explorações intensivas, com rebusques mercadológicos.
Cada atividade rural tem suas especificidades, com demandas e ofertas que movimentam o gigantesco e pouco monótono setor que, quase sempre, destoa das demais atividades econômicas, gerando superávits seguidos e até imprevistos. As atividades rurais, mais que a bola, fixam o homem ao campo.
O Brasil é pródigo na geração de tecnologias voltadas ao setor primário, havendo enorme e eficiente número de pesquisadores mal remunerados, sempre dispostos a sanar ou minorar os problemas que vão surgindo, em cada modalidade de exploração.
Resta, ainda, prevenir os males externos, que rondam nossas atividades produtivas, como as invasões, com flechas ou bandeiras, e a criminalidade, que rouba o sossego e o próprio futuro de muitas atividades.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.