Segundo Babi Fontana, o solo tem o desejo de investigar o ‘gesto da fala’ trazendo à cena memória, falas e gestos que ressoam no corpo
A bailarina e coreógrafa Babi Fontana se inspira nas memórias de sua avó, a atriz e preparadora vocal Maria do Carmo Bauer, que viveu em Porto Feliz, e sobre aspectos da obra Eu Não, de Samuel Beckett, para a criação do espetáculo AQUILO QUE FOGE. Após apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e Itu, o solo, que é uma dança-instalação e se funda na pesquisa da voz como gesto, faz sessões gratuitas nos dias 25 e 26 de outubro, sexta-feira e sábado, às 19h, na Estação das Artes.
Com colaboração artística da coreógrafa carioca Dani Lima e do diretor teatral Emílio Fontana Filho e paisagem sonora do DJ Dallanoras, a dramaturgia de AQUILO QUE FOGE foi construída em colaboração com Victor Costa, com quem Babi Fontana trabalha em diversos projetos e dirigiu o longa-metragem Outras Derivas (exibido recentemente no 13º Festival de Cinema Latino Americano).
Segundo Babi Fontana, o solo tem o desejo de investigar o “gesto da fala” trazendo à cena memória, falas e gestos que ressoam no corpo. Uma coleção de biografias sonoras povoadas por paisagens faz parte do espetáculo habitado por interrupções, repetições e ausências. Em AQUILO QUE FOGE a coreógrafa cria uma espécie de inventário de vozes. Para isso, o espaço cênico com o chão branco traz dezenas de caixas de sons de variados formatos ligadas por um emaranhado de fios. Das caixas saem vários depoimentos de diferentes pessoas que contam sobre vozes que sentem saudades.
“A ideia é experimentar o discurso e o não-discurso através de diferentes linguagens, movimentos, sons e gestos. Mais precisamente: a ideia de identidade como construção narrativa”, explica a bailarina e coreógrafa.
E-book acessível
Anotações, fotografias, vídeos e depoimentos da avó da bailarina, a atriz e preparadora vocal Maria do Carmo Bauer, que nasceu em 1928 e morreu em 2010 vítima de uma lesão cerebral que a fez perder a fala nos últimos anos de vida traçam o percurso cênico de AQUILO QUE FOGE. O texto Eu Não, de Samuel Beckett, escrito em 1972, é outra influência para o solo. “O texto é permeado de repetições, fragmentações e interrupções. A impressão é que Eu Não apresenta uma personagem que por algum motivo desaprendeu a falar, mas necessita absolutamente voltar a falar para manter seu eu”, conta Babi Fontana.
Além das apresentações de AQUILO QUE FOGE, Babi Fontana está organizando ao lado do escritor Victor Costa um e-book acessível que pretende reunir em uma publicação em e-book inédito um relato sobre a vida e o percurso artístico de Maria do Carmo Bauer, uma das pioneiras de preparação vocal para atores e bailarinos do Brasil e também contar narrativas sobre o processo da criação do espetáculo. O e-book, contará com depoimentos de artistas que trabalharam diretamente com ela, como Cacá Carvalho, Antônio Araújo (Tó), Fausto Fuser, Raquel Araújo Fuser, Emílio Fontana Filho, Alexandre Mate, Graça de Andrade e Anamaria Barreto.
“Com essa pesquisa nosso empenho é lançar um olhar atento sobre os artistas, suas falas, seus territórios e suas memórias. Para mim, fazer esse mapeamento através da dança é uma forma de afirmar o corpo como ponto de partida para a criação, valorizando a experiência cotidiana, a memória afetiva e da história do território que vivemos como potência poética e política”, complementa Babi Fontana.
AQUILO QUE FOGE integra o projeto Não mais eu não, contemplado pelo Edital Proac 2018 Concurso de Apoio a projetos de espetáculo inédito e temporada de dança no estado de São Paulo.
Sobre Babi Fontana
Coreógrafa, bailarina e pesquisadora que nos últimos anos vem desenvolvendo trabalhos que se fundem na fronteira entre a dança o cinema e as artes visuais. Mestranda em Artes da Cena pela Unicamp (SP), e pós-graduada na Faculdade de Dança Angel Vianna (RJ) em Corpo, Educação e Diferenças. Recentemente estreou seu longa metragem Outras Derivas, em colaboração com o roteirista Victor Costa, no 13 Festival de Cinema Latino-americano. Foi convidada para apresentar em 2019 seu trabalho Colisões na Fábrica de Arte Cubano, em Havana – Cuba e recebeu em 2018 o Prêmio Proac de Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Dança. Colaborou com os artistas Dani Lima, Cristian Duarte, Marcio Abreu, Denise Stutz, Alex Cassal, Fernando Belfiore, Esther Arribas e Anne Leigniel. Além de cidades do Brasil, já apresentou seus trabalhos em Havana, Londres e Berlim.
Sobre Maria do Carmo Bauer
Maria do Carmo Bauer (1928-2010) se formou na EAD (Escola de Arte Dramática) na década de 1950. Uma das fundadoras do Pequeno Teatro Popular, primeiro curso livre de teatro da cidade de São Paulo, onde passou a trabalhar de modo pioneiro com preparação vocal para artes da cena. Ganhou prêmios como atriz e trabalhou como preparadora vocal de diversos espetáculos de teatro, como Macunaíma e Eduardo III, ambos de Antunes Filho. Nos anos de 1970, a fim de aperfeiçoar o trabalho com a voz em cena, cursou fonoaudiologia na PUC-SP. E lecionou interpretação vocal na ECA-USP, onde deu aula por mais de dez anos.
Para roteiro:
AQUILO QUE FOGE – Dias 25 e 26 de outubro, sexta-feira e sábado às 19h, na Estação das Artes, em Porto Feliz. Criação e Dança – Babi Fontana. Colaboração Artística – Dani Lima e Emílio Fontana Filho. Colaboração na Dramaturgia – Victor Costa. Paisagem Sonora – Dallanoras. Desenho de Luz – Laura Salerno. Operação de Luz e Som – Victor Costa. Colaboração Instalação Sonora – Andreson Kaltner. Programação Visual – Daniel Kucera. Direção de Produção – Aline Grisa | Bufa Produções. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Minotauro Produções. Livre. Duração – 50 minutos. Ingressos – Grátis – retirada com uma hora de antecedência.
ESTAÇÃO DAS ARTES – Rua Othoni Joaquim de Souza, 15 – Centro, Porto Feliz. Telefone – (15) 3261-2126. Capacidade – 30 lugares.
Assessoria de Imprensa
Nossa Senhora da Pauta
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(11) 99658-3575
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024