Meu mundo
Sempre vivi em um mundo paralelo, bem diferente deste no qual a maioria vive. Meu mundo, um mundo à parte. Belo.
Desde que me entendo por gente, fujo para um lugar distante. Olho para o nada, aterrisso em um jardim florido, minha voz se cala. Corro feito criança, colho aquela flor fresca, recém-nascida, perfumada; cheiro da infância. Rolo na grama, a frescura do sol, a atmosfera pacífica, aquele tom laranja celeste; arrebol.
Alguém me chama. “Terra!”. Meus olhos abertos despertam! No noticiário vejo as novidades sobre a pandemia; contágio, mortes; verdadeira guerra. Ciclone no Sul, desemprego, fome, nuvem de gafanhotos. Olho para o céu, embaçado de tristeza, rios que se misturam aos esgotos. Interesses pessoais sendo postos acima de vidas humanas. Quem se importa? E me pergunto: Por que me chamaram de volta?
No meu mundo, mergulho em águas límpidas, mansas, mornas, não temo animais marinhos nem redemoinhos. Ando sem máscaras, sem medo. Posso ver o pôr do sol, e o seu nascer, sem o ladrão temer; os passarinhos. Ali o amor é lindo, é terno. Ali, o amor não mata. Ali não se estupram corpos e nem corações. Os velhinhos ainda namoram ao luar. Serenata.
Eu viajo em tapetes mágicos e coloridos sem esse medo que tenho da altura. Nesse mundo não existem automóveis, ônibus, acidentes, atropelamentos e nem poluentes.
Percebo ali sentimentos; corpos não são vendidos em troca de alimentos.
Vejo as criancinhas construindo seus castelos de areia, e a água os respeita; sorrisos puros. Que eu me lembre, jamais vi ali semblantes tristes; obscuros.
Não sofro ali de taquicardia, nem a ansiedade me invade. A paisagem vespertina alaranjada me traz paz. A rósea aurora bem me faz.
O cheiro do mar, do mato de lá, permanecem em minhas narinas, quando aqui, chamam meu nome. Aquelas lembranças ternas me acompanham.
Insone, escrevo aqui o que vejo lá. Transcrevo, transponho. Ao segurar nas mãos a pena, meus olhos parados transportam-se para o meu mundo. Lá todos os sonhos realizo, viajo para o lugar que desejo, tenho tudo que almejo; e trago para o papel.
Lá, vejo príncipes encantados, no lugar de homens alcoolizados. Vejo lindas princesas sem marcas de violência.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024