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Antônio Fernandes do Rêgo: 'Setembro Amarelo'

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Antônio Fernandes do Rêgo

Setembro Amarelo

Num dia triste, eu perguntei ao cuco:

‘Quantos outros ainda assim vou viver eu?’

Na porta de seu ninho então batuco

Por tanto tempo, até que me atendeu:

 

— Olhe o sol que na relva se reluz,

Olhe o azul do céu, não retruque!

A acácia ao vento em beleza se traduz,

Isto é lindo, então não se machuque.

 

Disse Jesus: ”Olhai no campo os lírios!

Olhai para cima, olhai no céu as aves!

Não há nenhum porquê pra os vãos delírios,

Deus deu a pluma aos seus voos tão suaves.”

 

Eu me lembrei de olhar melhor os céus,

De me encantar com o voo das andorinhas

Que contornam na tarde os coruchéus,

Em vez de debruçar-me em ânsias minhas.

 

Agora teço a vida nas quimeras,

Só não sonha árvore morta de sede;

É melhor sonhar com as primaveras

Que ser um quadro triste na parede.

 

Havia um rapaz lá no Colorado,

Que viveu na década de noventa,

Era um jovem por todos admirado,

E se foi num setembro, se comenta;

 

Se o conhecesse o diria: ‘não vai! Que

Queira a vida, e seu Mustang amarelo,

Há algo de bom, e tu és tão jovem, Mike!

Por que?! Apesar de tudo o mundo é belo!’

 

E agora há um setembro amarelo,

Se precisar, pois, peça sempre ajuda,

Não esqueça que há na vida algo belo,

E nela há sempre alguém que lhe acuda,

Se acaso passe por algum flagelo.

 

Hoje eu estou aqui para dizer

Que você nunca esqueça, por favor,

Depois da noite há um novo amanhecer

Que vem pela mão de um Salvador.

 

Lembra o que a graça d’Ele nos fizera?

O sol para guiar os girassóis,

Os abrolhos para apegar-se as heras,

E o sonhador pra mirar os arrebóis.

 

Então se apegue a vida tão garrida,

Aflições e refregas, quem são elas?!

Pois, cante e não se importe, viva a vida!

Para expulsar a todas as querelas.

 

Antônio Fernandes do Rêgo

  aferego@yahoo.com.br

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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