
Crônica # 440: ‘Vodu’
A origem da religião Vodu é africana e foi levada através dos escravos pelo mundo afora. Uma vez que seus senhores tinham proibido a prática de sua religião, eles misturaram suas divindades com os santos católicos numa tentativa de praticarem disfarçadamente seus ritos. Mais tarde, tornou-se a religião oficial do Haiti e espalhou-se por vários cantos do mundo como New Orleans nos Estados Unidos, Cuba e muitos outros. No Brasil o vodu misturou-se com o catolicismo e na Bahia foi chamado de candomblé jeje. A maioria dos escravos levados para o Haiti eram da Costa da Guiné, na África Ocidental, onde praticavam o vodu haitiano. O praticante do vodu acredita em um deus único, chamado de Bondye (Bom Deus), mas todo o culto é através de espíritos intermediários, os Loas, sendo que essas entidades tem relação com as forças da natureza. Ao contrário do que muita gente pensa, o vodu não está focado na magia negra e nos feitiços e sim em fazer o bem para sua comunidade. Por outro lado, existem os feitiços ou wangas, feitos pelos sacerdotes, chamados de Mambos ou Hougans. Eles buscam uma relação com os Loas e fazem um feitiço para o bem ou para o mal. Muitas vezes eles constroem os famosos bonecos vodu com algo da pessoas que será enfeitiçada e, dependendo do tipo de feitiço, terá um custo, às vezes não em dinheiro, mas em um trabalho a ser realizado para o Mambo. O feitiço cria uma mudança na vida do cliente através de sua psique e é normal o cliente ficar dependente do feiticeiro. No vodu, a magia é feita sob medida para cada pessoa e muitas vezes consiste em atacar um desafeto. Também existem trabalhos para cura de doenças físicas ou mentais, amuletos para proteção, conquistas amorosas e muitos outros. Existe muito medo entre a população mais ignorante e isso aumenta a crença no feitiço e no feiticeiro. Como sempre, é de boa prática deixar a vítima saber que foi feito um feitiço contra ela, pois, dessa forma, a sua mente vai trabalhar a favor do feitiço. É comum uma pessoa que tem muito medo, saber que um Mambo fez um wanga contra ela e em seguida essa pessoa adoecer ou mesmo morrer. Isso alimenta o medo dos outros e assim o poder do Mambo aumenta. Um dos mais famosos Loas do vodu é o Baron Samedi, já retratado em filmes de terror. Ele é um Loa muito temido, que preside o mundo dos mortos e aparece nas encruzilhadas, quando invocado da forma correta. Ele é descrito usando uma cartola, terno preto e a cara parecida com uma caveira branca, que fala com uma voz cavernosa. A sua mulher é a Loa Mama Brigitte, que protege as lápides nos cemitérios, desde que tenham cruzes. Esse casal de Loas gosta de beber rum com pimenta vermelha amassada e falam muitas obscenidades. Em 14 de agosto de 1791, o Hougan Dutty Boukman, em Bois Caiman, iniciou a revolução haitiana contra o governo francês. Um porco, que simbolizava o poder livre da floresta, foi sacrificado e todos fizeram um juramento de morte aos franceses dominantes e liberdade para os escravos de Saint Dominique. Uma semana depois, perto de duas mil plantações foram destruídas e mais de mil senhores de escravos foram mortos. Estava iniciada a sangrenta Revolução Haitiana, através de uma cerimônia vodu. Após sua morte pelos franceses, alguns meses depois, os escravos haitianos louvaram Boukman, e ele passou a ser um Loa, no panteão vodu, dando mais força à revolução. Em 1804, aconteceu a libertação dos povos do Haiti da França e foi estabelecida a primeira república de povos negros na história do mundo.
Célio Pezza celiopezza@yahoo.com.br outubro, 2020
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,


