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Letícia Mariana: 'Mariana e Lispector'

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Letícia Mariana

Mariana e Lispector

Clarice Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977)

— Cansei do diurno, me resta sonhar! – eu disse, pensando em mim.

— Este é um livro de não memórias, Letícia. – Lispector se aquietou.  —  É um livro como quando se dorme profundo e se sonha intensamente.

— Tangível seria a certeza que a matéria não desperta. – eu precisava de um café. — Lispector, há quanto tempo escreves?

— Desânimo. – insistiu. — Gosto de cigarro apagado. 

— Quando decidires andar, seja ouvinte. – respondi. — Quando então a audição cansar, veja o timbre.

— Letícia, a sensação é a alma do mundo. – lispector chorava baixinho. – A inteligência é uma sensação?

— Em Ângela é. – eu respondia enquanto degustava um café. – Li seu livro, Clarice.

— Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. – Ela não gostava de meios termos.

— Provavelmente a sua própria vida. – Completei. – E eu digo o mesmo.

Eu temo a mim. Temo a mim como temo Lispector, pois em cada momento de leitura, sinto mais próxima a presença da autora que tanto me faz refletir. Já me perguntaram se eu queria ser Clarice, insisti que desejava ser Mariana. Ninguém rouba o cargo de ninguém nas Letras, pois a escrita é uma dádiva individual que se faz em conjunto. As amizades intelectuais são repletas de padrões, normas, e eu fujo das regras. Mesmo fugindo de regras, preciso tê-las por opção, e assim elas deixam de existir. Se eu respeito as regras, logicamente fujo da regra de não as respeitar, e essa seria a minha maior rebeldia. Será que Lispector me escuta? Pouco me interessa, pois necessito ouvi-la mais do que a mim. E eu temo a mim?

Agora preciso ir, pois vou respeitar um pouco as minhas regras de espaço.

 

LIVROS DE REFERÊNCIA:

Um sopro de vida, LISPECTOR, Clarice

Entre Barbantes, MARIANA, Letícia

 

Letícia Mariana

leticiamariana2017@gmail.com 

 

 

Letícia Mariana

leticiamariana2017@gmail.com

 

 

 

 

 

 

 

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