A tragicômica micareta golpista nos EUA só serviu para aposentar Trump sob uma tempestade de som e fúria
Não fossem os mortos e feridos, a micareta golpista deste 6 de janeiro nos Estados Unidos nada teria sido além de um episódio histriônico: desde o primeiro momento se sabia que o efeito prático seria nenhum, apenas servindo para encerrar com uma tempestade de som e fúria a carreira política de Donald Trump.
Ainda não chegou a hora dos bárbaros nas democracias dos países economicamente mais desenvolvidos, tanto que suas fileiras continuam incapazes de produzir duces de primeira grandeza (ao invés do bilionário trapalhão que mais parece um aprendiz de fascismo) nem ideólogos mais focados nos cenários futuros do que nas picaretagens presentes (como o estelionatário cujas estratégias não funcionam nem mesmo para conceber fraudes financeiras indetectáveis pela polícia).
— e é ainda em Engels que encontramos a melhor explicação para o capítulo a que acabamos de assistir da novela A lenta, tortuosa mas irreversível agonia do capitalismo (numa de suas afirmações menos divulgadas, ele previu que, esgotadas as possibilidades de as forças produtivas continuarem se desenvolvendo sob relações de produção tornadas disfuncionais, mas cujos beneficiários fossem bem sucedidos em seus esforços para perpetuá-las a ferro e fogo, sobreviria a barbárie).
Ele refletia, obviamente, sobre o fim do Império Romano, que estagnou ao não dar o único passo adiante que abriria novos horizontes para sua expansão: o fim da escravidão e consequente criação de enormes contingentes e a serem atendidos em suas necessidades e anseios, destravando e revitalizando a economia.
Derrotada a revolta dos gladiadores de Spartacus cerca de 70 anos antes de Cristo, a decadência do império, à medida que perdia pujança econômica e cada vez mais via crescer o número de povos não submetidos à pax romana a rondarem suas fronteiras, levou também à entrega do poder supremo a cesares malucos e grotescos como Calígula, Nero e Cômodo, alguns até proclamados pelas tropas.
É mais ou menos o que estamos vendo, não sendo difícil, inclusive, identificar muitas semelhanças entre os imperadores romanos da decadência e os Trumps e Bolsonaros que emergiram com a onda ultradireitista e estão imergindo agora, após ela ter morrido na praia. (por Celso Lungaretti, no blog Náufrago da Utopia)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional