Enfim, o ano passou! Ufa!
Foram meses de incertezas e dúvidas, o tempo correu na rapidez que lhe é peculiar, mas não arrefeceu e nem curou as mazelas da sociedade, mesmo porque ele nem sempre cura todas as feridas como dizem por aí; sentimos o impacto das tantas notícias sobre o novo vírus iminente que chegou sem pedir licença, e se alastrou tão rapidamente que logo virou uma pandemia, o medo se acomodou dentro da gente, o temor nos invadiu e deixou marcas que jamais esqueceremos. Foram muitas perdas, foram muitos danos e sequelas. No início, quase ninguém acreditava que aquele vírus que veio lá do outro lado do mundo atrairia todas as atenções, bloquearia a nossa liberdade e nos faria, finalmente, exercer a solidariedade e buscar a reflexão. Ele (o vírus) foi palco de grandes tragédias no seio de milhares de famílias, ceifou vidas e deixou cicatrizes na alma, no corpo e na mente dos povos.
Foram noites e noites de insônias e preocupações. Até a inspiração se despediu e por algum tempo as nossas mentes ficaram povoadas pelas incertezas que pairavam os dias e as noites sem sabermos ao certo o que fazer. Fomos acometidos por um bloqueio momentâneo, mas essencial para entender o que estava acontecendo no mundo, com as pessoas, conosco. Não é fácil entender o desconhecido, ainda mais quando ele é invisível, afeta a nossa saúde física e mental e causa a morte de pessoas inocentes e queridas. Por um tempo ausentei-me da escrita e busquei falar com Deus de outras formas; eu queria, como muitos, entender o que estava acontecendo. A televisão massacrava as nossas esperanças de dias melhores, as notícias não eram boas, o vírus se alastrava rapidamente e todas as outras doenças e problemas foram deixados para um segundo plano. Nada mais importava a não ser combater o pequeno, mas poderosíssimo, inimigo.
De repente, nós já não podíamos sair de casa, ficamos proibidos de ir à academia, ao supermercado, ao trabalho, à escola, à uma simples caminhada pelas ruas da cidade. De repente, viramos prisioneiros dentro na nossa própria casa, o lugar onde nos refugiávamos dos dias cansativos, o nosso abrigo, o nosso aconchego… virou prisão. Viramos reféns do invisível. De repente, éramos parte de um batalhão (desarmado) que marchava para uma guerra em que não havíamos recebido treinamento, marchamos para a luta sem saber como nos defendermos, sem saber se sairíamos vencedores de uma batalha da qual nós ainda não sabíamos lutar, mas aprendemos, e até aqui vencemos; as máscaras, o álcool em gel, a consciência crítica, as orientações dos órgão competentes e dos profissionais da saúde, Deus e muitas orações foram as armas que nos deixaram de pé até agora.
Passado o primeiro e impactante momento de puro desespero e quase insanidade onde procuramos entender o que estava acontecendo para que pudéssemos, enfim, nos acalmar para nos defendermos, nos vimos estranhamente usando máscaras (quem diria!) e álcool em gel (esses dois itens se tornaram essenciais e inseparáveis no nosso dia a dia), essas eram as únicas armas concretas contra o novo, contra um pequenino vírus amedrontador e mortal. Sim, a batalha seria árdua para todos, afinal, não estava (está) fácil pra ninguém! O comércio fechou, as escolas mandaram alunos e funcionários para casa, novas metodologias foram criadas para dar continuidade aos estudos; muitos pais finalmente conseguiram ter a real visão do professor, os profissionais da saúde se viram sobrecarregados, muitos foram infectados e dezenas deles morreram. O caos se instalou no mundo e todos nós tivemos que nos reinventar buscando alternativas para passarmos pelo vendaval.
Entre um rabisco e outro, foi nas letras que explicitei meus anseios e receios; em muitos versos desabei, em muitas letras desejei ver o mundo liberto daquele terror, eu não conseguia imaginar que pequeninos seres invisíveis fossem tão nocivo à saúde e à vida. Foi na escrita que me refugiei e encontrei motivos para enfrentar os dias dentro de casa; por mais incrível que possa parecer, foi nesse período pandêmico que encontrei inspiração para colocar em prática um sonho: Delicadezas, elas floriram minha mente quando tudo parecia fenecer, elas enfeitaram meu caderno de um colorido que lá fora eu não conseguia ver, elas encheram meus olhos de uma alegria que contradizia o que se passava porta a fora.
Diante desse contexto, os encontros e desencontros aconteceram, as alegrias e tristezas se mesclaram, as realizações e os sonhos destruídos se cruzaram, separações e abraços viraram sinônimos, os lares viraram prisões, os pais também foram professores e esses se reinventaram. O novo nos surpreendeu e foi preciso sairmos da zona de conforto para enfrentarmos uma situação inusitada e preocupante, mas nós fomos e somos capazes de nos reerguermos e combatermos as dificuldades com garra e coragem, com força e vontade, com amor e perseverança, por que só seremos felizes se buscarmos e lutarmos pelos nossos sonhos e, tenho certeza, o nosso grande sonho é ver o mundo livre da Covid 19, pois sem ele certamente, éramos mais felizes apesar dos problemas e preocupações que habitavam (habitam) as nossas vidas.
Enfim, o ano passou! Ufa! Chegou o novo ano, é hora de vivenciarmos o novo, de olhar pra frente e continuarmos a nossa luta; os nossos sonhos permanecem e é preciso colocá-los em prática. É tempo de vivenciar dias melhores, o novo mundo exige que continuemos fortes guerreiros, pois a luta continua. Que seja um ano livre de todos os males. Saudações!
Conceição Maciel
Capanema-Pará-Brasil
con.maciel@hotmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional