Célio Pezza: Crônica # 294 – Novo Ano
O final de 2015 chegou e logo começaremos um Novo Ano.
Na cultura celta, o ano não tem começo nem final. Ele segue o ritmo contínuo da natureza e as marcações no calendário são as mudanças mais evidentes na própria natureza.
A cada nova estação, ocorre uma festividade, geralmente com significado associado à agricultura. Durante essas festividades, as fronteiras entre os mundos material e sobrenatural desaparecem, e o reino dos vivos se mistura com o outro mundo.
A natureza dá e tira a vida e nada pode nascer sem antes ser destruído.
Todas as divindades do mundo celta encarnam o paradoxo da vida e da morte, sempre de acordo com a regra do morrer para nascer.
A natureza pode dar vazão à sua força regeneradora, mas o seu potencial para a destruição precisa ser mantido controlado.
Para auxiliar esse equilíbrio, existem os intermediários, como os deuses da natureza, os druidas e os bardos ou poetas.
Naquela época, a ciência não buscava explicar todas as coisas, e os animais, as plantas e as forças da natureza eram as fontes de toda a magia.
As árvores são símbolos importantes da sabedoria celta. Suas raízes penetram fundo na terra, para os mundos de baixo, enquanto seus galhos crescem em direção ao céu, ou seja, ao mundo de cima; elas fazem a ligação entre o mundo inferior e o mundo superior e, quando mudam de folhas anualmente, evocam o ciclo infinito de nascimento, vida, morte e renascimento.
Enquanto isso, a própria árvore, perene, reflete a vida eterna.
Também são importantes na cultura celta, as tríades de conhecimento, que são um verdadeiro veículo de transmissão de sua sabedoria.
Por exemplo, as três fontes de conhecimento: pensamento, intuição e aprendizado; os três motivos para o riso de um tolo: rir do que é bom, rir do que é ruim e rir do que não entende; os três tipos de homem: os homens bons, que retribuem o mal com o bem, os homens do mundo, que retribuem o bem com o bem e o mal com o mal, e os homens maus, que retribuem o bem com o mal.
Os celtas sabiam da existência dos Homens, dos Animais, dos Elementais, protetores da Natureza, dos Anjos e dos Outros no planeta Terra.
O final de 2015 chegou e constatamos que o ser humano está muito confuso.
Ele perdeu grande parte do elo com a Natureza.
Ele perdeu o conhecimento de que existem demônios de verdade no mundo, que andam entre nós.
Não os conhecer demonstra nossa ignorância.
O que eles querem? Talvez a nossa queda.
A corrupção do Homem e os fatos ao redor do mundo mostram essa realidade.
O Novo Ano serve para uma reflexão sobre os nossos erros, acertos, e, principalmente, para nossos projetos de mudanças para melhor.
Na verdade, ele não tem começo nem fim, e, tudo é exatamente como os antigos celtas acreditavam ser.
Nós ainda temos a chance de mudar, de fazer do inferno um paraíso e da Terra um lugar honroso para viver.
Temos que acabar com a ignorância e trabalhar em conjunto com todas as forças benéficas que existem ao nosso lado, pois existe uma guerra diferente sendo travada no mundo.
Ficando ignorantes e passivos, damos mais força aos verdadeiros demônios.
Célio Pezza
Dezembro, 2015
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.