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Maze Oliver: 'A água do poço'

Maze Oliver

A água do poço

Há muito tempo no Bairro Quinze, segundo distrito da cidade de Rio Branco, no Acre,  morava uma senhora muito muquirana. Ela era dona de uma riqueza especial que não queria dividir com ninguém.

Dona Maria Augusta possuía um poço de água limpa e cristalina, cobiçado por todos os moradores do lugar. Estes iam todos os dias pedir um balde de água da ranzinza e sovina, que fechava a cara para os vizinhos.  Mesmo assim, no outro dia, estavam lá, novamente, com suas vasilhas vazias a implorar pela água.

A explicação para o fato era que, ali naquelas redondezas, o poço de Dona Augusta era o único cheio do precioso líquido límpido e transparente.

A mulher muquirana, aborrecida com aqueles pedintes todos os dias atravessando o seu quintal,  pensou como resolveria aquela situação e teve uma ideia: colocou um cadeado na tampa do poço.

– Quero ver agora esses vizinhos chatos pegarem água no meu poço! – falou para si mesma.

E ficava na janela olhando cada um deles voltar cabisbaixo, enquanto ela empinava o nariz, com  deboche.

Quando ela bem entendia, ia ao poço, pegava sua água e depois liberava para os vizinhos. Como não havia horários marcados para a tal liberação, os vizinhos iam e vinham, várias vezes ao dia, ver se o poço já estava sem o cadeado.

Um dia, quando Dona Augusta foi pegar sua água, como de costume, aconteceu algo inexplicável: ao descer o balde para encher de água, uma voz misteriosa e fanha falou lá dentro do poço:

– Deixa um pouquinho de água para mim, véia sovina!

A mulher saiu correndo apavorada, aos gritos, fato que chamou atenção de muitas pessoas. Depois desse dia, nunca mais teve coragem para trancar o poço,  prometendo a si mesma não mais negar nada a ninguém.

Os mais idosos explicam o acontecido, dizendo que aquela localidade, há muitos anos, havia sido um cemitério. Falam os mais criativos que as almas dos mortos vinham, de vez em quando, assustar os moradores.

 

Maze Oliver

mazeoliver1@gmail.com

 

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