Eu sobrevivi à covid-19…
Com a Benção do Grande Pai e Único, eu sobrevivi à COVID-19. Gostaria muito de dizer essa frase na primeira pessoa do plural: “Nós sobrevivemos à COVID-19”, mas, infelizmente, ainda falta um pouco para gritarmos isso aos quatro cantos do mundo. Principalmente porque ainda falta o entendimento da palavra ‘empatia’. o que me fez lembrar de um acontecido durante o meu trabalho de enfermagem há muito tempo e que repasso para vocês no ‘Contos da Enfermagem’ abaixo. A falta de empatia é um problema global de várias gerações.
Cuidar e Cuidado Nunca é Demais
O que é empatia?
No dicionário, uma das definições diz que ela é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente e de querer o que ela quer. Em resumo, poderíamos dizer que ter empatia é se colocar no lugar do outro….*
Essa pandemia (2020/2022) fez-me lembrar de que ter empatia e ser empático são coisas completamente diferentes. No básico, ter empatia é se colocar no lugar da outra pessoa. Isso na pandemia foi assunto de diversas mídias e bate-papos entre pessoas na sociedade. Contudo, essa não é uma palavra nova e ter esse tipo de atitude deveria ser um padrão social, mas não é ou talvez nunca foi.
Lembro-me bem de um ocorrido enquanto eu estava como preceptor de enfermagem de uma turma de graduação em um hospital de grande porte aqui da Cidade do Recife/PE., onde me deparei com situações no mínimo aterrorizantes.
Isso aconteceu há mais de 10 anos, estávamos começando o estágio no setor de Tisiologia com bastantes pacientes crônicos e já era regra lavar bem as mãos (sempre), manter distanciamento seguro paciente/profissional de saúde, usar máscara apropriada para o setor.
Para quem não sabe o que um setor de Tisiologia: “Parte da Medicina que estuda a tuberculose.” Como todo bom ser humano, o medo faz parte para poder enfrentar certos desafios e os alunos, mesmo temerosos, encararam com êxito o setor acima citado. Era uma ala dividida em setor feminino e setor masculino com duas enfermarias e resolvemos no primeiro dia ficar no setor masculino. Começamos as visitas de enfermagem com estudos dos prontuários, depois seguimos para exames físicos e durante esses procedimentos vimos passar uma jovem bonita, aparentemente saudável, de um corpo bem definido que chamou a atenção de todos os alunos de enfermagem que eu estava acompanhando. Uma das alunas chegou a perguntar: “Professor, o que essa jovem faz aqui nesse setor e sem máscara? Ela não parece estar doente, mas pode ficar, não é?” Respondi de forma afirmativa e uma das técnicas de enfermagem ao ouvir a conversa foi chegando junto e dizendo: “Quem vê cara não vê coração professor, “essa jovem de quem vocês estão falando pode ser bonita, ter um corpo de chamar a atenção, mas é portadora da bactéria que causa a tuberculose e ela também é portadora do vírus do HIV/Aids. O pior é que ela diz em alto e bom som que não vai morrer só e vive fazendo sexo com todos os homens”.
Essa narrativa me deixou perplexo e depois de mostrar minha indignação sobre o assunto perguntei como poderiam fazer sexo em um hospital e ainda por cima doentes? A técnica de enfermagem informou algo muito mais grave: que a noite como é um hospital público e fica muito escuro e sem segurança ‘alguns’ pacientes chegam a fazer o que querem, do sexo, ingerir bebidas alcoólicas até consumir maconha. Como disse acima, isso aconteceu há muito tempo e nos dias atuais fiquei sabendo que a vigilância é mais rigorosa durante as 24 horas, o que dá mais segurança tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde que trabalham principalmente no turno da noite.
Então, é de espantar que a falta de ‘empatia’ não é de hoje? Não, até porque escutamos no dias atuais frases como: “Eu estou doente com COVID-19, e daí? Vou continuar minha vida normal”; “Todo mundo vai morrer um dia”, entre outras…
A verdade é que precisamos ter uma educação básica familiar para poder viver bem em comunidade. Como diz bem um ditado antigo: “Costume de casa vai a praça”. Cuidar é uma arte e consegue trazer para nós, profissionais de saúde, satisfação e alegria toda vez que um paciente recebe alta e segue sua vida com a saúde controlada. Ter cuidado, isso requer uma atenção sempre e contínua porque não sabemos o que iremos encontrar nas esquinas do mundo. Lembrando também que nem todo rostinho bonito é um sinal de boa saúde como relatamos no episódio passado no hospital público. Ser empático exige muita atenção em querer ajudar, ter postura empática, criar vínculo que fortaleçam a inteligência de uma relação segura para ambas as partes.
Ninguém vive só e sempre haverá um Ser Superior para julgar todos nós…
* https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/12/07/empatia-o-que-e-e-como-desenvolver-para-melhorar-suas-relacoes.htm?cmpid=copiaecola
Fernando Matos
Enfermeiro e Poeta Pernambucano
(Direitos reservados ao autor da obra)
Vamos Pensar:
– A empatia bem que poderia ser o alimento espiritual de muita gente… A fome é grande, mas a gratidão é pouca. (Fernando Matos)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024