A invasão da Ucrânia
A invasão da Ucrânia pela Rússia (24.02.2022) foi uma jogada política e militar que Putin arriscou e parece que sairá vitorioso dessa guerra por falta de reação militar estrangeira (Organização do Tratado do Atlântico Norte e Estados Unidos da América). Vladimir Putin soube jogar duro contra a Europa e mostrou ao mundo quem ele realmente é.
Historicamente, em 1939 Adolf Hitler queria anexar à Alemanha o Corredor de Dantzig, região então pertencente à Polônia. Pediu autorização a Neville Chamberlain – primeiro-ministro do Reino Unido da Grã-Bretanha, que protegia a Polônia –, mas lhe foi negada. Então, Hitler invadiu a Polônia e iniciou a Segunda Guerra Mundial. Chamberlain acreditava que Hitler era uma ‘marionete’ nas mãos dele e dos franceses, alguém que mais falava do que poderia fazer. Estava errado.
Situação assemelhada aconteceu em relação às manobras militares de Vladimir Putin. Os Chefes de Estado europeus e o dos EUA acreditaram que o presidente da Rússia era alguém que mais falava do que poderia fazer. Um mero ‘jogador de pôquer’, alguém que blefava para chamar a atenção para si e buscar mais prestígio em face da Europa e dos EUA. Estavam errados.
O presidente dos EUA, Joe Biden, perdeu a oportunidade de medir força política e militar contra Putin e Rússia. Ao tempo em que os russos fizeram manobras militares na fronteira com a Ucrânia, a este país os EUA e a OTAN deveriam ter enviado milhares de soldados e armamento militar com o fim de fazer frente ao exército russo. A recusa em fazê-lo mostrou fraqueza dos aliados ocidentais e Putin entendeu oportuno invadi-la. Ele quer, também, aumentar a proteção territorial e militar em benefício de Moscou.
À Putin a Ucrânia é o ‘quintal’ da Rússia, em razão de origens culturais e influências étnicas caucasiana e eslava naquele país. Para agravar a situação política, o atual governo ucraniano tem promovido manobras pela aproximação militar junto à OTAN, o que desagradou os interesses de Moscou. Ao que parece a OTAN nada fará para defender a Ucrânia, que será entregue à Putin. Dela fará seu ‘feudo’ político e militar, sua ‘taça’ da vitória sobre a Europa, a OTAN e os EUA.
As retaliações e privações econômicas ocorrerão dos dois lados e os efeitos serão mundiais, com as oscilações das commodities, do dólar, petróleo, gás natural, das ações de empresas multinacionais e de investimentos estrangeiros. Sanções econômicas à Rússia foram aplicadas em 2014, quando invadiu a Criméia (ao sul da Ucrânia) e a anexou ao seu território, mas de nada adiantaram.
A situação atual na Europa é o temor pela expansão militar e beligerante da Rússia contra aquele continente, inclusive pela – possível – deflagração da Terceira Guerra Mundial, ainda que seja improvável. A não autorização de Chamberlain a Hitler deu causa à invasão da Polônia e à Segunda Guerra Mundial. A omissão de auxílio militar da OTAN e EUA à Ucrânia deu causa à invasão desse país. Dará causa à Terceira Guerra Mundial?
Marcelo Augusto Paiva Pereira
secondo.appendino@gmail.com
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Natural de São Paulo (SP), Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista