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Orlando Rafael Ukuakukula: "A necessidade da implementação da 'Pragmática' como unidade curricular no curso de Linguística Portuguesa nas instituições de ensino superior (IES) face a concepção contemporânea do estudo da linguagem"

Orlando Ukuakukula

“O enunciado é o resultado do acto da enunciação. Ou seja, as pessoas, em sala de aulas ou não, têm a necessidade de comunicar; mais do que isso, têm a necessidade de interagir.”

Dum tempo a esta parte, tenho vindo a reflectir, nos meus estudos em literatura, a questão dos enunciados linguísticos, uma relação que faço entre as entidades dos textos literários, o conto e o romance, mais especificamente, já que envolvem presença do narrador e narratário, elementos internos ao texto e que, dado o tempo, circunstâncias a que são postos pelo autor, criador do código e cenários, criam discursos, ou melhor, enunciam e tais enunciações resultam em enunciados. No entanto, o meu foco, neste artigo de opinião, não está muito voltado à literatura, mas propriamente à linguística, embora os empréstimos entre ambas funcionam normalmente, e porque é necessário. Então, introduzir a temática relacionando-a com a literatura é um método que encontro para querer dizer que importa a sugestão deste artigo, da necessidade da Pragmática como unidade curricular, que é funcional para qualquer aula em Língua Portuguesa. Senão vejamos:
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Os estudos sobre a linguagem apresentam-se em três grandes concepções:
(I) como representação do mundo e do pensamento do indivíduo;
(II) como instrumento de comunicação;
(III) como meio de interação. Esta última é a contemporânea por apresentar:
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a) a língua como objecto de comunicação (no sentido de interação) e, por isso;
b) levar em conta dois elementos em falta nas duas primeiras concepções: O RECPTOR, que é um elemento em falta na primeira, mas existente na segunda, porém passivo; e o ALOCUTÁRIO, que implica a interação, ou seja, que implica um emissor e um receptor activos e responsáveis pelo acto da interação, que é a actividade linguística. Assim, nessa interação, os responsáveis desenvolvem enuciados, no processo das enunciações, aquele que é, então, objecto de estudo da Pragmática. Esta é, portanto, a justificativa do tema deste artigo, que também é uma proposta, sendo que:
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O enunciado é o resultado do acto da enunciação. Ou seja, as pessoas, em sala de aulas ou não, têm a necessidade de comunicar; mais do que isso, têm a necessidade de interagir. Deste jeito, produzem enunciados. O enunciado é um acto da fala; individual. Citando Martins (2021) em seu trabalho designado “Súmula sobre estudos de enunciação”, enunciados “são unidades do sistema linguístico + unidades do sistema extralinguístico.” Ela considera as situações e contextos a que são produzidos. Assim, a Pragmática surge e, segundo o que se sabe, a Pragmática é parte do estudo da língua que trata de compreender os “sentidos”, e não significados, dos enunciados.
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Ainda parafraseando Martins, o sentido é, diferentemente do significado, inferências ou informações que se acrescentam a um enunciado. Ao passo que significado é objecto da semântica na sintaxe da frase. Por isso, o significado da frase é calculado pelas palavras que a compõem, ao passo que o objecto da Pragmática é o enunciado, aquilo que se percebe dos enunciados produzidos pelos interlocutores de uma interação, através da situação e/ou contexto.
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Posto isso, evidencia-se que “interagir”, produzindo enunciados, é a actividade básica, diária e necessária de qualquer indivíduo, falante e dententor de uma língua. Se nos enunciados se expressam sentimentos, pensamentos, modo de ver, de criar; aliás, se isso envolve o conhecimento extralinguístico, portanto, histórico, social, ideológico, está claro que isso é suficiente para fazer com que a Pragmática deixe de ser parte da unidade curricular designada Semântica e passe a ser autónoma, tendo sua própria unidade curricular designada “Pragmática”, nas Instituições de Ensino Superior (IES). Isso a olhar também, e como já dissemos, para a concepção contemporânea de Linguagem, na agrupacão que (Koch, 1992 apud Martins, 2021) faz das três concepções.
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Voltando ao que acima frisamos, sobre o outro olhar disso em Literatura, perceberemos que, afinal, as impressões causadas pelos narrador e narratário são enunciados que exprimem ideias, pressupostos e implicitos, trabalhado pelo autor. E, aliás, perceberemos, mais importante ainda, que o “narrador” não é, afinal, como nos vêm ensinando século após século, <a pessoa que conta a história>. Outrossim, a considerar as enunciações, ou melhor, os enunciados, que são o resultado final de toda enunciação, estariamos a considerar todo tipo de impressão linguística do falante, a cultural, principalmente. Entender-se-ia, naturalmente, as questões muito debatidas, e que até virou moda, sobre variação e mudança linguística.
Portanto, por serem a enunciação, o enunciado, o acto da fala, elementos ligados ao sentido=contexto e/ou situação, por isso, respeitando os aspectos socio-culturais e socio-linguísticos do falante, e, por isso, objecto de estudo da Pragmática, urge, no meu entender, enquadrá-la no programa do curso de Ensino da Língua Portuguesa, ou Linguística Portuguesa, como outras instituições denominam, como uma unidade curricular. Resolveria, como fim último, os problemas de Leitura (como acto de descodificação e visão do mumdo) e interpretação, só pra citar.
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Orlando Rafael Ukuakukula
Luanda, 22 de Março de 2022

 

 

 

 

 

Orlando Rafael Ukuakukula
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