‘Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas’ será apresentado no próximo dia 8 de junho, às 20h
O Conservatório de Tatuí – instituição do Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura do Estado – recebe no próximo dia 8 de junho (quarta-feira), às 20h, o espetáculo “Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas”. A produção marca a segunda turnê ao Brasil do MPMP (Mvoimento Patrimonial pela Música Portuguesa), com apoio da Direção-Geral das Artes /Governo de Portugal, Embaixada de Portugal no Brasil e Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.
O espetáculo, integrado pela soprano Joana Seara, pelo pianista Jan Wierzba, com apresentação de Edward Luiz Ayres d’Abreu, será realizado no teatro Procópio Ferreira, à rua São Bento, 415, com entrada franca.
A turnê “Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas” propõe uma viagem concebida a partir de uma das óperas mais icônicas da história da ópera em língua portuguesa: Serrana, de Alfredo Keil. A ária de paixão e loucura da personagem principal, fazendo transparecer o conflito entre viver um grande amor ou seguir o destino traçado (que poderia passar, curiosamente, por partir para o Brasil), cruza-se aqui com uma antologia de peças de compositores brasileiros e portugueses em torno dos mesmos dilemas e imaginários amorosos. Para acompanhar o romantismo de Alfredo Keil foram selecionados cinco compositores do século XX e cinco compositores ativos na contemporaneidade, propiciando assim uma inédita panorâmica sobre o repertório lírico luso-brasileiro das últimas décadas, com especial destaque para as obras de Almeida Prado, João Guilherme Ripper, António Pinho Vargas, Eurico Carrapatoso e Luís Tinoco, tendo a este último sido encomendada uma obra que será apresentada nesta turnê em estreia absoluta.
Nesta viagem, apresentada por dois dos mais prestigiados músicos da atualidade portuguesa, a soprano Joana Seara e o maestro e pianista Jan Wierzba, o público pode redescobrir de que forma o fogo, um dos clássicos quatro elementos naturais, inspirou e continua a inspirar, na sua acepção mais literal ou mais metafórica, os criadores musicais da lusofonia.
“Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas” é a segunda turnê ao Brasil do MPMP, Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, com apoio da Direção-geral das Artes / Governo de Portugal, Embaixada de Portugal no Brasil, e Camões — Instituto da Cooperação e da Língua. Concebida como plataforma dedicada essencialmente à divulgação do patrimônio musical lusófono de todos os tempos, tem desde a sua fundação reunido centenas de compositores, musicólogos, instrumentistas e melómanos na concretização das mais diversificadas atividades. Através de parcerias históricas com algumas das instituições de maior relevo no panorama cultural português e lusófono, tais como a Biblioteca Nacional de Portugal, a Universidade de Aveiro, o Museu Nacional da Música, o Museu da Música Portuguesa e a Academia Brasileira de Música, entre muitas outras, e através de apoios diversos, o MPMP tem desenvolvido um trabalho inédito de multidisciplinaridade e criação de pontes entre os agentes de criação musical, com vista à valorização e dinamização de repertórios antes esquecidos ou menosprezados. O Ensemble MPMP, agrupamento de músicos afecto à associação, tem-se apresentado no Festival Prêmio Jovens Músicos (Centro Cultural de Belém e Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian) e no Festival de São Roque, tendo estreado várias obras de compositores portugueses contemporâneos e tendo também estreado modernamente obras de Marcos Portugal (1762-1830), D. Pedro I do Brasil / IV de Portugal (1798-1834), Joaquim Casimiro Júnior (1808-1862), Francisco Norberto dos Santos Pinto (1815-1860), Francisco de Freitas Gazul (1842-1925) e Augusto Machado (1845-1924), contribuindo especialmente para uma inédita e pioneira revisitação da música sacra portuguesa do século XIX.
Programa
No espetáculo, serão apresentadas obras dos portugueses Luís Tinoco (“Fogo”, que dá nome à turnê), António Pinho Vargas (“A maior tortura”), Eurico Carrapatoso (“Três poemas eróticos”), Alfredo Keil (“Noite medonha” – ária da ópera Serrana) e Manuel Ivo Cruz (“Mágoas de Anta” e “Amor é fogo que arde sem se ver”); e dos brasileiros Murillo Santos (“Canção de amor”), Francisco Mignone (“Alma adorada”), Adelaide Pereira da Silva (“É tão pouco o que desejo…”), João Guilherme Ripper (“Diga em quantas linhas…” — ária da ópera Domitila), Osvaldo Lacerda (“A valsa”) e José Antônio Rezende de Almeida Prado (“Bem-vinda”).
Os músicos
Joana Seara iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e no Conservatório Nacional, em Lisboa. Graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian conseguiu prosseguir os seus estudos na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, tendo mais tarde sido bolsistas de várias instituições britânicas tais como a Wingate Foundation, o E. M. Behrens Charitable Trust e a Worshipful Company of Barbers, que a ajudaram a concluir o seu percurso acadêmico de pós-graduação em Performance e o Curso de Ópera naquela escola. Foi também distinguida com um Sybil Tutton Award e um Worshipful Company of Glass Sellers Music Prize.
Em ópera, Joana Seara tem interpretado papeis de Monteverdi a Puccini, de Verdi a Francisco António de Almeyda. Destacam-se Margery (The Dragon of Wantley) com a Akademie für Alte Musik Berlin, Damigella (Coronation of Poppea) com a English National Opera, Gretel (Hänsel undGretel) e Despina (Così fan tutte), ambas para Opera Holland Park e Dorinda (Orlando) para a Independent Opera at Sadler’s Wells. Outros papéis incluiem Zerlina (Don Giovanni) na Holanda, Inglaterra e Irlanda, e Galatea (Acis and Galatea) em França. No Teatro Nacional de São Carlos foi Susanna (Les Nozze di Figaro), Frasquita (Carmen), Tebaldo/Voce dal Cielo (Don Carlo), Flora (La Traviata) e Ines (Il Trovatore).
Joana trabalha regularmente nas produções dos Músicos do Tejo (dir. Marcos Magalhães). Foi Amore (Paride ed Elena), Belinda (Dido e Eneias), Nerina (Il Trionfo d’Amore), Vanetta (Il Frate N’namorato) e Vespina (La Spinalba). Também com este grupo, participou nos projectos discográficos Il Trionfo d’Amore e La Spinalba (editados pela Naxos) e As Árias de Luísa Todi. Gravou ainda o CD 18th-Century Portuguese Love Songs (editado pela Hyperion) com o agrupamento L’Avventura London, sob a direção de Zak Ozmo.
Tem-se apresentado na interpretação de grandes obras de oratória nos mais importantes palcos portugueses, como os grandes auditórios da Fundação Gulbenkian, do Centro Cultural de Belém, da Casa da Música e do Teatro Nacional de São Carlos. Sob a direção de maestros como Ton Koopman, Lawrence Foster, Simone Young, Donato Renzetti, Mathew Halls, Enrico Onofri, Christoph König, Nicholas Kraemer, Carlos Mena, Jorge Matta, interpretou obras como Jeanne d’Arc au bûcher de Honegger, as várias paixões e cantatas de Bach, O Messias de Handel, entre inúmeras outras. Com a Orquestra Barroca Divino Sospiro (dir. Enrico Onofri e Massimo Mazzeo), atuou nos festivais de Île-de-France, Ambronay, Mafra e Varna. Com os Músicos do Tejo (dir. Marcos Magalhães), apresentou-se nos Festivais de Alcobaça, Mafra e em Goa, Índia. Mais recentemente, atuou em várias cidades espanholas com o Ludovice Ensemble (dir. Miguel Jalôto).
Ao longo da sua carreira, Joana Seara tem-se dedicado também à interpretação de obras portuguesas dos setencentos, trabalhando com vários grupos de música antiga em Portugal na descoberta desse repertório. É de salientar a personagem título em L’Angelica, de Souza Carvalho, com os Concerto Campestre, obra esta que sairá em CD pela Naxos, e, também este ano, interpretará papeis principais em mais duas óperas portuguesas do séc XVIII: Dalmiro e Lindane de João Cordeiro da Silva, no Teatro Nacional de São Carlos, e L’Isola Disabitata de David Perez, no Centro Cultural de Belém, esta com a Orquestra Barroca Divino Sospiro.
Jan Wierzba nasceu na Polônia em 1985 e vive desde cedo no Porto, Portugal. Estudou Piano na Academia de Música de Espinho e no Conservatório de Música do Porto, concluindo nesta instituição o Curso Complementar com a classificação de 20 valores, na classe de Constantin Sandu e Anne-Marie Soares. Foi galardoado com o 1º Prêmio em três concursos internos do Conservatório e com o 1º Prêmio ex-aequo no Concurso de Piano Florinda Santos em duas edições. Após concurso público foi distinguido com uma Bolsa de Estudos da Yamaha Music Foundation of Europe. Em 2006 recebeu o 1.º Prêmio na categoria Música de Câmara (A) no Prémio Jovens Músicos (Rádio e Televisão Portuguesa). Aperfeiçoou-se com Aquilles Delle-Vigne, Tania Achot, Sergei Kovalenko, Oxana Yablonskaya, Fausto Neves, Pedro Burmester e Sequeira Costa, entre outros. Concluiu o Curso Superior de Piano na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto, onde estudou com Constantin Sandu.
Tem-se também destacado como um dos mais promissores diretores de orquestra da atualidade musical europeia. Projetos recentes e futuros incluem programas com a Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Ensemble MPMP, SÍNTESE GMC (Portugal) Manchester Camerata, Nottingham Youth Orchestra (Reino Unido), Trash Panda Collective (Holanda) e SEPIA Ensemble (Polónia), além de trabalhar como Maestro de Coro Assistente na Ópera Nacional Holandesa, em Amesterdã, emRomeu e Julieta de Berlioz.
Em 2015 foi um dos semifinalistas no Concurso de Direção de Orquestra Georg Solti, em fevereiro, em Frankfurt. Estreou-se à frente da Orquestra Sinfônica Portuguesa substituindo a maestrina Joana Carneiro. Em ópera colaborou com o Estúdio de Ópera e com a Orquestra da Escola Superior de Música de Lisboa, dirigindo a versão cénica da cantata Ester de António Leal Moreira, e com o Ensemble MPMP apresentou O cavaleiro das mãos irresistíveis de Ruy Coelho, com um intermezzo encomendado a Daniel Moreira, Cai uma Rosa…, nos teatros municipais de Almada e do Porto.
Trabalhou como Maestro Assistente com Joana Carneiro, Jac van Steen, Vassily Petrenko, Pedro Carneiro, Marc Tardue, Sir Andrew Davis e Juanjo Mena na Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, BBC Philharmonic Orchestra, Orquestra de Câmara Portuguesa, Estágio Gulbenkian para Orquestra, Orquestra Gulbenkian e Orquestra Sinfônica Portuguesa. De entre os agrupamentos que teve oportunidade de dirigir em diversos contextos destacam-se a Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Statskapelle Weimar, Remix Ensemble, Filarmónica de Jena, Orquestra Sinfônica de Karlove Vary, Orquestra Clássica do Sul, Parnu City Orchestra, Orquestra Sinfônica de Jovens da Estónia, Estágio Gulbenkian para Orquestra, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Orquestra de Câmara Portuguesa, entre outros.
É um dos fundadores e diretor musical do Ensemble MPMP, agrupamento com o qual tem trabalhado em prol do patrimônio musical português de todas as épocas. Com este grupo fez estreias modernas de obras de Marcos Portugal, D. Pedro IV, Casimiro Júnior, Augusto Machado, Freitas Gazul e Norberto dos Santos Pinto, para além de estrear várias obras de jovens compositores portugueses.
Edward Luiz Ayres d’Abreu nasceu em Durban, África do Sul, em 1989. Iniciou os estudos de música em Portugal aos cinco anos de idade. Estudou no Conservatório Nacional, frequentou os cursos de Arquitetura e de História da Arte e concluiu a Licenciatura em Composição com a mais alta classificação no exame final na Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou com Sérgio Azevedo e António Pinho Vargas. Em programa Erasmus frequentou o Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris. Frequentou ainda um Curso de Verão no Conservatório de Moscovo onde trabalhou com Faradzh Karaev. As suas obras foram já interpretadas pela Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa e Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. A sua ópera Manucure foi estreada em 2012 no Teatro Nacional de São Carlos.
É membro fundador e, desde a fundação, Presidente da Direcção do MPMP, Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, associação criada em 2009, no âmbito da qual tem concebido e coordenado diversos projetos de programação musical e editoriais. Dirigiu uma digressão do MPMP ao Brasil, em 2014, apresentando as suas atividades e diversos concertos em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. No âmbito do MPMP criou, em 2010, a revista glosas, sendo desde então seu diretor-geral, a única publicação do mundo exclusivamente dedicada à divulgação da música clássica de países de língua portuguesa, em colaboração com a Academia Brasileira de Música, incluindo tanto artigos de carácter científico como de divulgação, recensões, testemunhos e entrevistas a inúmeras personalidades do nosso panorama cultural.
Como musicólogo, Ayres d’Abreu tem dedicado grande parte da sua atividade à redescoberta de Ruy Coelho (1889-1986), um dos compositores mais internacionais e proeminentes da História da Música Portuguesa do século XX. Neste âmbito editou modernamente várias partituras, coordenou a edição do CD “Ruy Coelho | O violino d’Orpheu” (ed. MPMP, 2015), publicou inúmeros artigos e impulsionou a estreia moderna de uma das suas óperas, O cavaleiro das mãos irresistíveis, que foi apresentada pelo Ensemble MPMP em 2015 nos Teatros Municipais de Almada e do Porto, juntamente com a estreia absoluta deCai uma rosa… de Daniel Moreira (1983-), cuja partitura Ayres d’Abreu concebeu o libreto. É Mestre em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo defendido a dissertação “Ruy Coelho (1889-1986): o compositor da geração d’Orpheu” sob orientação de Paulo Ferreira de Castro. Frequenta atualmente o doutorado como bolsista da Fundação para a Ciência e Tecnologia; neste âmbito debruçar-se-á sobre ópera portuguesa do século XX.
É membro do CESEM, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. Como orador tem colaborado, em aulas, cursos ou concertos comentados, com a Fundação Calouste Gulbenkian, Teatro Nacional de São Carlos e Instituto de Filosofia Luso-Brasileira.
Conservatório de Tatuí – O Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí é um equipamento do Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura do Estado administrado pela Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí. Fundado em 1951, é uma das mais importantes ações na área de cultura no país. Oferece formação profissional em música, luteria e artes cênicas. Sua única extensão fora do município de origem é o Polo do Conservatório de Tatuí em São José do Rio Pardo.
Apoio Cultural – Para a temporada do ano de 2016, o Conservatório de Tatuí conta com apoio cultural da Coop – Cooperativa de Consumo e Grupo CCR SPVias.
SERVIÇO
“Fogo, um passeio por canções brasileiras e portuguesas”
Joana Seara, soprano
Jan Wierzba, piano
Edward Luiz Ayres d’Abreu, apresentação
MPMP (Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa), organização
Entrada franca
Quando: Quarta-feira, 8 de Junho de 2016
Horário: 20h00
Onde: Teatro Procópio Ferreira – Rua São Bento, 415
Entrada franca
Informações: 15 3205-8444
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.