A súplica de quem ama
Hoje eu descobri o que é amar. Senti o beijo paralisar meu espírito de moça, e também me descobri mulher. Quando eu era menina, sim, eu achava saber o que é amar. Mas eu nunca senti tamanha súplica: a súplica de alguém que ama.
Ele me ama, Deus? Veio me ver, mas a insegurança me venceu. Não sei me querer, talvez a falta esteja aí. Sou a falta de mim, sou a lágrima daqui. Estou aqui? Estaria se eu não fosse tão incerta.
Tenho a sensação de ser amada de volta, mas tudo faz parte desta súplica. Já sofri tanto, chorei tanto por pessoas inúteis, a poesia dos meus dias deseja que dessa vez seja eterno. E o que é o eterno? Um conceito? Uma dádiva? O suplicar? Talvez a resposta não esteja nesta vida. Talvez a vida seja um penar de alegria, uma escrita em branco. Eu amo um alguém e sou alguém que ama. Preciso viver isso.
Eu não sei se creio em Deus como creio na vida, pois acho que Deus é a própria vida. Mas peço em cada vela, em cada reza e em cada lágrima soluçante. O importante é aceitar a tristeza e tentar ser o que se é, mesmo triste, mesmo alegre. Acho que Deus entenderia isso.
Amar não dói mais como antes. Eu sinto um leve frio, frio que me faz querer viver o que não vivi. Antes não. Antes era uma dor imensa, uma imensidão de sofrimento. Hoje eu me culpo pelo meu sofrimento, não há mais a culpa de quem está ao meu lado. A única culpada sou eu e, tudo bem, talvez antigos traumas e antigas pessoas. Mas quem amo? Não! É somente um pequeno suspirar no peito. Pequenas fagulhas que vão sapateando pelo peito, entende? Uma luz de um amor sincero. E será que é recíproco? Hoje eu sei o que é amar. E amar não dói.
Não sinta o seu sangue d’alma sair pelos olhos enquanto está com alguém! Isso é abusivo e cruel. Sinta o seu sangue vivo, dentro de você, pulsando e feliz quando vê quem ama. Isso é amor. Isso é a vida dizendo que você está viva!
Amar é incansável, mas não cansa. Amar é transcendente, mas é presente. Amar é insuportável, mas é o que nos faz suportar cada segundo. É preciso ter coragem para amar. E quem ama um escritor, ah, sabe que nunca sairá do mundo, pois foi eternizado. Eu sou a escritora que eterniza, e eu quero te eternizar.
Letícia Mariana
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Letícia Mariana é escritora com 5 livros publicados, palestrante, criadora de conteúdo, estudante e jornalista em formação. Diagnosticada com autismo nível 1 de suporte e ativista na causa autista. Já debateu em rádios cariocas e participou de encontros virtuais internacionais.