setembro 19, 2024
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Na Família ROLiana, a arte literária de Ivete Rosa de Souza!

Ivete Rosa de Souza

De uma menina devoradora de livros a uma escritora que respira literatura, Ivete Rosa de Souza abrilhanta ainda mais o Quadro de Colunistas do ROL!

Ivete Rosa de Souza, natural de Santo André (SP) e ex-policial militar é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita  desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros.

Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive,  a participar de peças escolares ajudando na construção de textos.

Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente,  começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP).

Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.

É esta ‘devoradora de livros’ que, agora, compartilhará com os leitores do ROL o gosto pela leitura e textos que encontram inspiração no cotidiano!

Abaixo, seu primeiro texto, a crônica ‘Egoísmo’

EGOÍSMO

Hoje percebi o quanto podemos ser egoístas e preconceituosos. Indiferentes à dor de outro ser humano. Alheios a sua sede, fome, tristeza e padecimento. Somos todos humanos, mas indiferentes aos que passam por nós.

Compreendi isso e senti vergonha de mim mesma. Nos olhos de um garoto, moreno e magro, com óculos de fundo de garrafa. Aqueles óculos que parecem ter círculos infinitos dentro de uma haste, fazendo os olhos crescerem.

O garoto me abordou falando e eu em princípio não entendi.

– Moça, eu queria dois…

Pensando logo em dinheiro, já cortei a conversa e disse:

– Olha garoto, eu não tenho dinheiro em espécie. Disse isso ao mesmo tempo, segurando a bolsa rente ao corpo, protegida por uma sacola, pois tinha acabado de sair de um petshop.

Ele insistiu:

– Moça, eu não quero dinheiro.

Eu não relaxei, já imaginando que ele era um ladrãozinho que estava me distraindo, enquanto o ladrão mais velho viesse me assaltar. Meu coração quase saía pela boca.

– Mas o que você quer então, perguntei.

– Moça, eu quero dois Halls.

E eu:

– Duas caixas.

– Não, moça, é que falta seis reais para completar minha meta de hoje e levar para casa. E os dois que sobraram na caixa eu dei para um menino, que me pediu.

Fui apunhalada pelo meu egoísmo e preconceito. Só aí me dei conta que estava em frente a uma loja dessas que há muito tempo era tudo por um Real.

Entrei com o garoto na loja, falei para ele escolher o que quisesse. Pedi que esperasse no caixa e, aleatoriamente, peguei alguns chocolates e salgados. Quando cheguei ao caixa ele me esperava com dois Halls e nada mais.

Coloquei os chocolates e os salgadinhos sobre o balcão do caixa e pedi a atendente que colocasse tudo em uma sacola. A moça me olhou e perguntou:

– É tudo junto?

Respondi que sim. Paguei e dei a sacola ao menino. Ele me agradeceu, enfiou a mão na sacola, pegou os dois Halls e um chocolate, me olhou e disse:

– Deus lhe pague moça! Hoje eu posso dormir sem apanhar. Além de poder vender e ganhar os seis Reais que perdi, posso levar um chocolate para meu irmãozinho.

Na volta para casa, dentro do carro, me senti imensamente constrangida. Além de ter desconfiado e julgado o menino, recebi de uma criança uma lição de altruísmo, coragem e humildade. Pensei em quanto somos egoístas, preconceituosos. Indiferentes à fome, à pobreza e à tristeza que assola toda a humanidade. E agradeci o meu encontro com aquela criança desconhecida, que me pareceu estar com fome e temeroso de voltar a sua casa por causa de seis reais. Pensei também na alegria do irmãozinho em receber um chocolate. Provavelmente iria comer escondido. Me senti uma péssima humana, dentro desta humanidade imperfeita, que carrega tanto desprezo e preconceito; que, por fim, nos afasta da máxima que nosso Jesus ensinou:

“Amar o nosso próximo como a nós mesmos”!

 

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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