Novamente Mulher
Eu desisto, claro que desisto!! Só hoje eu já desisti umas dez vezes. Desisti, quando me senti sozinha, quando olhei as quatro paredes ao redor de mim e me senti como uma daquelas paredes. Sim, eu me senti fria, dura e áspera. Vi a mim sem cor, sem textura, simplesmente desbotada. Entre outras paredes, estava eu; envelhecida e cheia de umidade. Uma parede entre tantas outras, sem utilidade. Nenhum quadro pintado para alegrar minha aparência triste e vazia. Pobre ambiente, arte nenhuma havia!
Todavia, mesmo parecendo sem vida e sem cor, recebia ao amanhecer luz e calor.
Entrava pela janela um clarão de luz, que misturava-se ao vento, trazendo alento por ali dentro, onde eu era fria e sem beleza. Às vezes o cheiro das flores invadia o ambiente e, nesse instante, eu me sentia viva por ainda poder sentir algo.
Já acostumada com a solidão e com a penúria dos meus dias adormeci e sonhei. Sonhei com alguém diferente, que, ao entrar onde eu estava se compadeceu de meu interior frio, sem cor e vazio. Não era anjo, pois não tinha asas. Não era comum. Era mesmo um ser surpreendente. Aproximou-se docilmente, trazendo um pincel e uma pequena lata de tinta branca. Uma lata do tamanho de um copo americano.
Aproximou-se lentamente, com leveza tocou minha superfície áspera e fria. Ouvi-o dizer baixinho: ”- Vou restaurar-te e vais voltar a ser mulher, bela interior e exteriormente.
Serás novamente atraente, exuberante e alegre. Estarás sempre corada e a luz do dia em teu quarto, refletirá nas paredes, formando aquarelas. Terás a beleza e as múltiplas cores das flores; rosas, azuis e amarelas. Serás tão apreciada, que em ti se inspirarão os grandes nomes das artes: os poetas, os artesãos e os pintores.
Ah, mulher!! Tuas cortinas de seda não cobrirão tuas curvas, pois estarão expostas, mesmo que as tente cobrir. Porque tua beleza será aos olhos de todos, como o arco-íris.
Nunca mais serás fria, vazia e sem cor; serás aquela que emana a arte, que aquece o âmago dos seres humanos e faz transbordar o mais doce néctar do desejo. Serás novamente pulsante como o coração que um dia inquieto e acelerado bateu por alguém que não mereceu seu amor.
Serás, novamente, mulher!
Verônica Moreira
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Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira