O que é envelhecer?
Envelhecer significa não ter mais pressa, poder apreciar cada segundo de poder viver. Envelhecer é status de alguns, que conseguiram alcançar a maturidade, com seus vincos e rugas, mas o corpo saudável, a mente sã. Ficar velho não significa ser sábio, pode sim ter acumulado experiências, e ter o que compartilhar. Envelhecer também é: perder filhos, amigos, parentes que se foram antes de nós. Ser velho, não pode ser considerado imprestável, ou simplesmente um estorvo.
Nós da chamada terceira idade temos história, vivências que podem ser passadas a outras gerações. Alguns de nós somos abençoados, temos um teto, uma conta bancária, podemos até ajudar alguém que precise de nós. Mas existem os menos afortunados, os abandonados, os expropriados de bens, de aposentadorias, carentes no corpo e na alma.
Somos uma geração madura, já vivemos muito, contribuímos com a sociedade, trabalhamos, constituímos famílias, e agora desaceleramos. Entendemos que agora é possível frear a pressa. Entendemos que não chegaremos a lugar algum, se vencermos rápido demais a corrida da vida.
Somos todos falíveis, somos mortais que serão eternizados na constância de nossas famílias, o único legado que importa. Somos velhos, mas diferentes de nossos antepassados, somos mais conectados, modernos, e até mesmo capacitados. Todos um dia envelhecerão, os jovens de hoje, serão os velhos de amanhã.
É grande a responsabilidade. De estar vivo, de poder contribuir, de poder ter um canto para chamar de seu. Mas sempre haverá os que de tudo necessitam, os pobres, os que não tem saúde perfeita, os que vivem à margem da sociedade. Homens e mulheres que lutaram a vida toda, e nada construíram. Eu tenho medo de ir para um asilo, mas se perder minhas faculdades, podem me levar para lá. N
Ao quero ser um fardo, não aceito ser uma velha que fica aqui e ali, num quarto, sem companhia ou amor. Se for para ser assim, vou para o asilo. Onde a solidão corroendo os dias, encurtam a vida.
Envelhecer nos faz lembrar, o quanto fomos tolos, dando prioridade ao trabalho, ao dinheiro e tantas outras coisas que eram tão importantes, que deixamos de lado o amor, a família, aos encontros, confraternizações. Dizem que só damos valor a alguma coisa quando a perdemos, quando não há possibilidade de retornar ou retomar esse ou aquele caminho.
Envelhecer custa caro. Nos somos seres humanos passíveis de tantos erros. Envelhecemos e percebemos, que por vezes esquecemos de agradecer ao Criador por tudo que conquistamos.
Somos uma geração sexagenária, abrindo os olhos para a vida, essa que a qualquer momento pode escapar de nossas mãos. Não podemos lamentar, só podemos agradecer estar aqui e conseguir dobrar o Cabo da boa esperança. Não perdemos a guerra, ganhamos e conquistamos nosso espaço. Somos pioneiros do século 21, somos exemplos, ou apenas vagas lembranças? Isso só saberemos, quando partir.
Ivete Rosa de Souza
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Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.