Pedaços de mim
Depois de anos vencidos estou agora a pensar
No tempo que sempre passa
Sem ter tempo de voltar
Assim deixei nos caminhos
Nos seres que encontrei
Vestígios de minha existência
Pequenos traços de mim
Que mesmo inconsciente
Ficaram em cada canto
Esses pequenos pedaços
Que o tempo silenciou
Vontade e devaneios
Anseios desejos e lutas
Ganhos e perdas, sonhos
Perderam-se sem rumo
Naqueles que passaram
Sem pensar deixaram pedaços
Que colhi e guardei para mim
E na beira da estrada
Desta vida que se acaba
Entre sorrisos e prantos, ainda vou viver
Esses pedaços diluídos
Como chuva esparramada
Derramada sobre os campos
Que a terra acolhe e suga
os pedaços de mim
Quem dera pudesse brotar
Como mato ou como flor
Existindo na vida dos outros
Perfumando continuasse espalhando
Como o vento sobre o mar
Enfim alguém percebesse
Que foi por mim semeado
Na terra os pequenos pedaços de mim.
Ivete Rosa de Souza
iveterosad@gmail.com
- Deixe-me sangrar - 18 de outubro de 2024
- Pés descalços - 9 de outubro de 2024
- Lua - 2 de outubro de 2024
Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.