Erudição e poder numa multidão a desenvolver-se
O desenvolvimento científico e tecnológico em curso parece não ter limites e a velocidade com que avança é impressionante, de tal forma que: o que ontem parecia duradoiro, ou até mesmo definitivo; hoje, está ultrapassado, o que coloca em causa uma pretensa e reiterada verdade, sobre um qualquer assunto, acontecimento, equipamento, descoberta, entre muitas outras situações.
Atualmente, afirmar-se que se tem uma cultura atualizada, pode revelar uma posição muito presunçosa que convém evitar, nomeadamente a nível tecnológico, porque não se pode ignorar que se por detrás da tecnologia estará a ciência, não é menos verdade que aquela facilita a investigação, portanto, uma e outra, afinal, complementam-se.
O binómio “Ciência-Tecnologia” existe desde há milhares de anos, desde as formas mais rudimentares do passado até às mais sofisticadas do presente. O homem sempre pesquisou, sempre procurou saber mais, não só para melhorar as suas condições de vida, como também para obter poder e domínio sobre os demais concidadãos, porque: “Saber é Poder”.
É claro que é impossível que uma só pessoa tenha total capacidade para dominar, com profundidade e atualidade, todos os saberes, mas outro tanto não acontece com os grandes grupos e organizações diversas, que possuem meios financeiros, laboratoriais, científicos e técnicos para assumirem um poderio local, nacional e mundial, através do qual conseguem atingir objetivos: seja para o bem; seja para o mal.
Aplicar conhecimentos para dominar pessoas, grupos, comunidades, países e o mundo, será cada vez mais difícil, por muitos meios que o detentor do saber e do poder possua, embora se lhe reconheça uma certa vantagem em relação a quem não dispõe de tais recursos. Controlar e dominar uma população terrestre cada vez maior, constitui, eventualmente, uma grande dificuldade, por isso, o melhor caminho a seguir será sempre pelo diálogo, pelo bom senso e pela paz entre os povos anónimos e os dirigentes mundiais
Se houvesse possibilidades económicas e financeiras, situações estáveis de trabalho, serviços de saúde, educação, formação e habitação nas melhores condições de acesso, para todas as pessoas, certamente que neste primeiro quarto do século XXI, o mundo estaria bem melhor e se não houvesse dirigentes que apenas se preocupam com o poder e o domínio sobre os seus concidadãos, então poderíamos ter o “paraíso na terra”, embora este quadro possa parecer uma utopia.
Em muitos países, nomeadamente da Europa, Portugal incluído, é importante que haja condições para a formação de famílias estáveis, numerosas, porque a pirâmide etária começa a inverter-se no sentido de cada vez haver mais idosos e menos crianças e jovens, o que, a curto/médio prazo, poderá trazer consequências gravíssimas em vários domínios: sustentabilidade das reformas e pensões; cuidados básicos e especializados de saúde mais solicitados e especializados para uma população muito específica e fragilizada; mão-de-obra cada vez mais escassa e cara, entre outras situações complexas.
O ser humano é das espécies que, tanto quanto a ciência e a técnica nos informam, mais tem evoluído no mundo, todavia, tal progresso nem sempre é direcionado para a melhoria das condições de vida das pessoas, para a valorização permanente e consolidação da sua dignidade e, em muitas situações, o desenvolvimento tem sido a mola real para a destruição de seres pessoas inocentes.
É certo que todas as pessoas têm a sua quota parte de responsabilidade: seja nos sucessos; seja nos fracassos da humanidade, porque é sempre um dever e um direito, nas suas diferentes dimensões e contextos, pugnarmos por uma sociedade mais justa, tranquila, humanizada, tolerante e cooperante, porque o resultado final beneficiará toda a população em geral.
Imputar responsabilidades culposas, a uma determinada camada da sociedade quando os projetos correm mal e conceder a outros estratos os louvores quando tudo corre bem, não será justo nem ética e moralmente aceitável, porque afinal, cada pessoa, com as suas competências e oportunidades tem oportunidade para colaborar no sentido do maior e melhor bem para todos, ou seja, para o bem comum.
É claro que, em função das profissões e cargos que as pessoas desempenham e ocupam, respetivamente, na sociedade, assim as poderemos responsabilizar com mais ou menos ênfase, todavia, conceda-se o benefício do mérito a quem de alguma forma revela, por palavras, atos e comportamentos, querer um mundo melhor e, com este desiderato, todos seremos chamados a envolvermo-nos com entusiasmo e determinação.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
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Natural de Venade, uma freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política: Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017, ‘ZL – Editora’ – Rio de Janeiro – Brasil, com o Melhor Livro Educacional, ‘Universidade da Vida: Licenciatura para o Sucesso’; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa; ; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.