Um diário especial
Joana abriu as cortinas que fizeram algumas mariposas voarem desesperadas. Abriu a velha escrivaninha que rangia tão feio que dava sensibilidade em todos os seus dentes. Parecia um móvel esquecido, abandonado há muitos anos, sujo demais e que logo na primeira gaveta tinha, além de um velho par de óculos, luvas de frio e um caderno de capa dura.
A moça tentou limpar as manchas de mofo e poeira que estavam sobre a capa daquele diário.
_Um diário! – empolgou-se, mas, conteve-se em não abri-lo naquele momento. Concentrou-se na capa enquanto procurou por um frasco de álcool e, achando juntamente com um paninho úmido, começou a limpar a capa passando bem devagar.
Joana estava admirada do tecido que forrava a capa do velho diário. Estava bastante sujo, mas ainda conservado.
_O tecido ainda não desbotou! – dizia para si mesma. Ela bateu na capa e comprovou que era dura como madeira. Parecia um livro artesanal feito à mão. Joana observava as costuras laterais ainda bem feitas.
O que deveria conter dentro daquele diário? De quem seria? Porque eu hesito tanto em abrir? – Joana sentia um frio na barriga mas sabia que não resistiria contemplar apenas a capa do velho diário. Houvesse o que fosse escrito naquele caderno, com certeza sua dona já seria falecida há muitos anos. Ainda assim, o medo de abrir suas páginas a apavorava. Joana já havia escrito um diário quando era adolescente, e sabia que era algo muito pessoal e secreto. Não como hoje em dia que as meninas fazem questão de postar suas vidas instantaneamente em redes sociais. Diário hoje em dia se tornou uma coisa pra lá de ultrapassada. Mas ler histórias e, ainda mais um diário antigo era como voltar no tempo. Numa época da vida onde tudo era inocente, bobo e de uma magia indecifrável. Talvez se ela lê-se o diário começaria a reviver tudo novamente e isso Joana não queria, nunca mais!
Suspirou fundo e deixou o velho diário sobre a escrivaninha e ameaçou sair; imediatamente voltou, fechou a porta para ficar mais à vontade e decidiu abrir. Logo na primeira página lia-se:
“Querido diário …Tem muita coisa nova acontecendo na minha vida. Não pensei jamais que fosse passar por isso… São coisas boas e más. Tudo se confunde, se é que me entende.
“Estou ouvindo vozes e, essas vozes me mandam fazer coisas para o bem do meu País. Não posso negar esse chamado…” ( Joana Darc )
Joana fechou rapidamente o Diário, pois ela descobrira finalmente de quem se tratava. Enfiou o diário em sua mochila e saiu apressada do quarto.
Andreia Caires
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024