Com direção de Elias Andreato e com Bianca Bin no elenco, o espetáculo é uma adaptação para a realidade brasileira da bem-sucedida peça de Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière
Em tempos cada vez mais violentos e agressivos, a comédia O Nome do Bebê, da dupla francesa Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière, discute a dificuldade de escuta nas nossas relações mais íntimas. A comédia, que tem direção de Elias Andreato, estreia no dia 14 de julho no Sesc Ipiranga, onde segue em cartaz até 20 de agosto, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
Montado em vários países e adaptado para o cinema em 2012, o premiado texto foi traduzido pela atriz
Clara Carvalho, que buscou aproximá-lo ainda mais da realidade brasileira, valorizando ironias e sarcasmos. Já o elenco traz Bianca Bin, Cesar Baccan, Dudu Pelizzari, Lilian Regina e Marcelo Ullmann.
Depois de protagonizar o espetáculo “Jardim de Inverno”, com direção de Marco Antônio Pâmio, Bianca Bin, que está na telenovela das 9, Terra e Paixão, solidifica sua carreira com papéis cada vez mais complexos, também no teatro.
Na peça, Vincente e Anna vão jantar na casa da irmã dele para comunicar a ela, ao cunhado e a um amigo de infância o nome escolhido para seu primeiro filho. O pai de primeira viagem faz uma brincadeira infeliz e diz que o bebê se chamará Adolfo; nome cuja sonoridade se assemelha ao maior ditador da História.
A partir dessa situação absurda, as personagens dão início a uma discussão crescente, que evoca uma série de memórias e ressentimentos profundamente escondidos, revelando seus preconceitos e contradições.
“Nosso olhar, percorre a crueldade e o fascínio que essas relações, tão conhecidas do nosso cotidiano, nos remetem às lembranças pueris e medonhas que guardamos para sempre. É impossível não nos identificarmos com os personagens, e com a situação criada pelos autores de forma tão realista e explosiva”, comenta o diretor Elias Andreato.
A peça revela que, para chegarmos às relações verdadeiras em nossas vidas, precisamos estar desarmados para aceitar e ouvir. A falta de escuta, tão comum nos dias de hoje, é o primeiro passo para a não-aceitação dos outros. E, sem aceitação, não há solução de conflitos. Os personagens descobrem que a única maneira de se entenderem, inclusive nas relações de amizade, é se abrirem para o diferente e deixarem de lado suas aparentes incompatibilidades.
“Quando o teatro provoca e nos inquieta, propondo um jogo teatral absolutamente verdadeiro, é porque ele está vivo, podendo ser violento e muito divertido. O homem é o único animal que ri diante do inferno que são os outros. Humor não se explica, mas a crueldade sempre nos incomoda. A nossa comédia certamente deixará o espectador feliz, mas ele terá que rir de si mesmo”, acrescenta o diretor sobre a encenação.
Com humor inteligente, a montagem mostra como a polarização do pensamento e a falta de escuta e de acolhimento podem fazer ruir mesmo as relações mais íntimas.
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Natural de São Paulo (SP), Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista