Essa nossa canção entra em cartaz no dia 14 de julho. Mostra tem participação de artistas como Carlinhos Brown, Tom Zé, Xênia França, Teresa Cristina e Johnny Hooker, entre outros
Que relações profundas existem entre a língua portuguesa e a música cantada? Entre as letras de sucesso da música brasileira e a forma original que a língua assumiu no Brasil? Entre nossos diversos falares e os ritmos que nos fazem dançar? Entre as letras que não saem da nossa cabeça e a vida de cada um de nós? Essa nossa canção, a nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa, explora a ligação visceral entre o português e a música – tão profunda no caso do Brasil que faz parte da nossa identidade como povo e da nossa memória coletiva.
A mostra entra em cartaz no dia 14 de julho na sede do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, contando com o patrocínio máster da CCR, patrocínio do Grupo Globo, e com o apoio do BNY Mellon, da PwC Brasil e do Itaú Unibanco, todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Com curadoria de Carlos Nader e Hermano Vianna, consultoria de José Miguel Wisnik e curadoria especial de Isa Grinspum Ferraz, a mostra Essa nossa canção abarca diversos gêneros do cancioneiro brasileiro, promovendo conexões entre algumas das canções mais representativas da história da música nacional às formas contemporâneas de expressão musical. Da bossa nova ao sertanejo; do rock ao samba; do funk ao axé; do chorinho ao forró – a exposição reafirma a força da diversidade brasileira através da canção.
Em Essa nossa canção, música e língua se unem como um sopro e se espalham como o vento pelo espaço expositivo, trabalhado com tecidos leves e formas onduladas. A experiência dos visitantes começa já no elevador, quando o público é surpreendido por uma intervenção sonora criada pelo produtor cultural Alê Siqueira a partir de vocalizes das músicas brasileiras. Cantos como “Ôôôôô”, “Ilariê”, “Aê-aê-aê” foram editados para formar uma única canção sem aquilo que convencionalmente se entende por palavra.
Depois desse primeiro estranhamento, o público encontra a instalação sonora Palavras Cantadas, também de Alê Siqueira, na qual 54 músicas brasileiras são despidas do acompanhamento instrumental; cantadas à capela e entremeadas umas nas outras, parecem conversar entre si. A obra costura versos de faixas como Trem das Onze (Adoniran Barbosa), Salve (Mano Brown) e Nem Luxo Nem Lixo (Rita Lee e Roberto de Carvalho). O visitante perceberá que o trecho “Olá, como vai?” de uma canção se relaciona com “Eu estou aqui. O que é que há?” de outra, como se criasse uma história única composta por dezenas de vozes.
A instalação é vivenciada em um espaço contido por cortinas, acolhedor e confortável, e conta com 14 caixas de som acústicas, que vão permitir a percepção de nuances das vozes criando um ambiente sonoro imersivo.
Na segunda sala da exposição, dez canções emblemáticas do cancioneiro nacional ganham novos intérpretes, promovendo ligações inusitadas entre as interpretações “clássicas” e a música brasileira contemporânea. Em vídeos dirigidos por Daniel Augusto, Carlinhos Brown interpreta O Vento, de Dorival Caymmi, uma canção-guia para o sopro musical da exposição Essa nossa canção.
O cantor sertanejo Felipe Araújo e seu pai, João Reis, emprestam suas vozes para a caipira Tristeza do Jeca, de Angelino de Oliveira. Juçara Marçal canta Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. Johnny Hooker e Luiz Tatit interpretam Conceição, de Jair Amorim e Dunga, sucesso no repertório de Cauby Peixoto. Cabem a José Miguel Wisnik e Xênia França a faixa Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, uma das mais conhecidas em todo o mundo.
Dez slammers soltam a sua versão de Construção, de Chico Buarque; e dez fãs dos Racionais MC’s cantam o clássico rap Diário de um Detento. “Não se trata das melhores canções que o Brasil já produziu. Foram escolhidas por outro motivo: todas aparecem aqui por serem exemplos reveladores de determinadas relações entre canções e língua em território brasileiro. Do uso de frases bem coloquiais até o debate que questiona se o rap anuncia o ‘fim da canção’”, afirmam os curadores Carlos Nader e Hermano Vianna.
O terceiro ambiente da exposição é dividido em dois espaços. Em um deles, o público terá a oportunidade de assistir ao documentário As Canções (2011), de Eduardo Coutinho. Para este filme, ele conversou com anônimos que cantam as músicas de que mais gostam e revelam histórias pessoais relacionadas a essas faixas. No outro, os cineastas Quito Ribeiro e Sérgio Mekler realizam obra inédita composta por pequenos trechos de músicas que estão em vídeos do YouTube com interpretações de Homem com H, conhecida na voz de Ney Matogrosso, Beijinho no Ombro, sucesso de Valesca Popozuda, Índia, do repertório de Roberto Carlos, e O Caderno, de Toquinho.
Neste segmento da exposição Essa nossa canção, o objetivo é mostrar de que forma o público em geral, não só cantores, cantoras, instrumentistas e produtores, conseguem se apropriar das canções e registrá-las. Se antes era preciso ter acesso a engenhocas, como gramofones, ou ir a estúdios ultramodernos, atualmente basta ter um celular na mão. Haverá, ainda, uma linha do tempo em que serão apresentados aparelhos que serviram e servem para “aprisionar” a língua cantada, como vitrola, disco de 78 rpm, fitas K7 e iPods.
Na última sala da exposição, a canção ganha materialidade no papel escrito e desmistifica-se a ideia de que, para a composição de uma música, basta a inspiração. Reproduções dos manuscritos de canções de nomes como a cantora sertaneja Marília Mendonça, o rapper e MC Xis e o sambista Cartola, com rabiscos em diversos versos, estarão expostas nas paredes a fim de mostrar as escolhas linguísticas que podem ser vitais para tornar uma canção inesquecível.
Fotos da exposição serão disponibilizadas em breve. Em anexo, há imagens de Xênia França cantando “Garota de Ipanema”; de Felipe Araújo e João Reis em “Tristeza do Jeca”; e Carlinhos Brown que canta “O Vento”.
SERVIÇO
Mostra temporária Essa nossa canção
De 14 de julho a março de 2024
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Grátis para crianças até 7 anos
Grátis aos sábados
Acesso pelo Portão A
Venda de ingressos na bilheteria e pela internet:
https://bileto.sympla.com.br/event/68203
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/n – Luz – São Paulo
SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
O Museu da Língua Portuguesa é um equipamento da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Esporte e Educação é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.
PATROCÍNIOS E PARCERIAS
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa tem Patrocínio Máster da EDP e Patrocínio do Grupo Globo, Itaú Unibanco e Sabesp – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O Apoio é da Fundação Calouste Gulbenkian.
A Temporada 2023 conta com patrocínio da CCR, do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e do Grupo Globo, com apoio do BNY Mellon, da PwC Brasil e do Itaú Unibanco, e com as empresas parceiras Marsh McLennan, Eaton, Machado Meyer e Verde Asset Management. Revista Piauí, Guia da Semana, Dinamize, JCDecaux e Helloo são seus parceiros de mídia. A Temporada é realizada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
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