Ivete Rosa de Souza: Poema ‘A donzela’
Na corte o baile estava no auge
Todos em seus trajes a rigor
O baile do Conde Ferdinand
Tinha opulência a seu dispor
Na valsa mais dançante suspirou
Quando a linda jovem chegou
De pele alva, vestido deslumbrante
Caminhava graciosa exuberante
Todos os olhares ela conquistou
Não sabiam quem era de onde vinha
Sua beleza cativava como magia
E os jovens solteiros alvoroçados
Disputavam com quem ela iria dançar
Mas o Conde tinha a prioridade
Estendendo a mão para a donzela
Com ela se pôs a valsa rodopiar
E ela se deixava lentamente
Tão lânguida esbelta e radiante
Parecia que flutuava no ar
Contudo não falava nem sorria
Quando alta era a madrugada
E todos já estavam prestes a sair
Eis que as grandes portas escancaram
Figuras sinistras se deixaram ver e ouvir
Mortais sua hora é chegada
Ninguém daqui vivo vai sair
A jovem donzela agora transformada
Em vampira medonha a sorrir
Mandou que as portas fossem cerradas
Que o banquete iria começar
E a donzela que não sorria
Soltou sonora gargalhada
Com a garganta do Conde a abrir
Vamos irmãos nos divertir
Os sangues sugas medonhos
Alcançaram todos os presentes
Deixando rastro de sangue e de morte
Debandaram para outras paragens
Transmutados em morcegos inocentes
Quem sabe ainda haveria outro salão
Para a valsa de sangue e terror.
Ivete Rosa de Souza
Contatos com a autora
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Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.