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Lucio Fulci, o horror e sua derivações

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CINEMA EM TELA

Marcus Hemerly: ‘Lucio Fulci, o horror e sua derivações’

Flyer Cinema m Tela: 'Lucio Fulci, o horror e sua derivações'
Flyer Cinema m Tela: ‘Lucio Fulci, o horror e sua derivações

Conhecido como o maestro ou poeta do macabro pelos famosos títulos de terror desdobrando icônicas cenas de gore a partir de sofisticados efeitos práticos, o diretor italiano Lucio Fulci (1927 – 1996), assimila como particularidade a versatilidade temática de sua filmografia. Desde suas primeiras realizações, foram explorados gêneros tais como a comédia, romance, faroeste, documental, e, finalmente, teve sua consagração internacional como um dos principais expoentes do horror no século XX.

Após uma desilusão amorosa e já havendo desistido de continuar o curso de Medicina, iniciou seus estudos de cinema no Centro Sperimentale di Roma, após trabalhar como crítico nos periódicos Gazzetta delle Arti e Il Messaggero, posteriormente tendo contato direto com nomes do calibre de Fellini, Antonioni, Vittorio de Sica, entre outros contemporâneos.

Inclusive, em entrevistas, mormente no famoso registro ‘Fulci Talks’, gravado em 1993, três anos antes de seu falecimento, revelou sua amizade próxima com Federico Fellini, dizendo que nos momentos de intimidade, conversavam sobre “paixões antigas e cachorros”, não necessariamente diluindo a cinefilia como tópico mandatório, a despeito de permear suas existências de maneira constante. Aliás, para o diretor, o cinema como razão de viver era um instrumento não só de expressão artística, mas de comunicação com o mundo, os sentimentos mais animalescos e os mais nobres traduzidos à tela a partir de sua esmerada regência. 

Ainda que frequentemente associado ao subgênero Giallo, junto a realizadores como Dario Argento e Mario Bava, é lembrado devido a produções de horror mais gráfico, seja por conhecidas cenas envolvendo ruptura de globos oculares, seja por regurgitações sanguinolentas, em filmes como ‘Zumbi 2’ e ‘O Estripador de Nova York’. Sua obra, todavia, não destoou do viés humano, intimista e, até mesmo, cósmico. Decerto, não é inaudito que tal desdobramento pode ser mais aterrorizante do que mortos-vivos e assombrações.

Importante lembrar que o cineasta captou o olhar de público e crítica, ainda que de forma controversa, a partir do drama histórico ‘Beatrice Cenci’, e o suspense policial ‘Uma sobre a Outra’, ambos de 1969, este último rodado e ambientado em São Francisco. Inclusive, a transposição de tramas à América, a exemplo dos western spaghetti, não seria algo pouco usual ao período, até como forma de divulgação.

Por um lado, se os gialli – modalidade de slasher com estilística própria e marcante – foram inaugurados por Maria Bava na produção ‘A moça que Sabia Demais’ (1963), este foi responsável de forma mais relevada na formatação de horror gótico, contudo, Fulci se destacou em ambas as vertentes.  A famosa ‘Trilogia das Portas do Inferno’, composta por ‘Terror nas Trevas’, ‘Pavor na Cidade dos Zumbis’ e ‘A casa do Cemitério’, desborda tanto eventuais close ups extremos sobre eviscerações, como cenas de suspense complexamente montadas, sobrepostas por trilhas sonoras marcantes. Constantemente, objeto de inspiração a criações nas décadas seguintes, valorizando um tom artesanal quando ainda não se conhecia o CGI. 

Por óbvio, seria inviável e até desrespeitoso, tentar exaurir impressões acerca do mestre em poucas linhas. Temas correlatos às motivações subjacentes de vários argumentos, suas funções como roteirista, produtor, além de ator em suas películas merecem objeto de dissertação mais verticalizadas. Seria, no mesmo tom, impossível cerrar os olhos às divas que aformosearam de modo igualmente intenso, não apenas as segmentações de Fulci, mas o cinema Italiano dos anos 60 a 80, precipuamente, as talentosas Barbara Bouchet, Edwige Fenech, Carroll Baker, star system similarmente formatado no Brasil, na época das produções da Boca do Cinema, em São Paulo. 

Suas últimas obras foram relegadas como títulos sem entusiasmo e carecendo do brilho vinculado ao início da carreira, que já era numerosa como roteirista e assistente de direção, muito antes de ‘Uma Sobre a Outra’ e os fabulosos ‘Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher’ e ‘O Mistério do Bosque dos Sonhos’, ambos estrelados pela brasileira Florinda Bolkan e sucesso mundial. No entanto, filmes como ‘Vozes das Profundezas’ e ‘Porta Para o Silêncio’ de 1991, guardam não apenas o estilo de Fulci, replicado em toda sua filmografia, como novos toques experimentais. O cineasta já havia transposto um brilhante panorama de metalinguagem no impressionante ‘Um Gato no Cérebro”, um ano antes, no qual interpreta a si mesmo, pois o trabalho do artista, como cediço, é inovar dentro do tradicional. Aliás, o clássico é perene, não sem justa motivação. 

FILMOGRAFIA SELECIONADA

1953 – O Homem, a Besta e a Virtude – L´uomo, La Bestia, La Vírtu (Roteiro)

1954 – Um Americano em Roma – Un americano a Roma (Roteiro)

I ladri (1959)

1959 – Rock, Twist e Doce Vida – I ragazzi del juke box

Urlatori alla sbarra (1960)

Colpo gobbo all’italiana (1962)

I due della legione (1962)

Le massaggiatrici (1962)

Uno strano tipo (1963)

Gli imbroglioni (1963)

I maniaci (The Maniacs, 1964)

I due evasi di Sing Sing (1964)

I due pericoli pubblici (1964)

002 agenti segretissimi (1964)

Come inguaiammo l’esercito (1965)

002 operazione Luna (1965)

I due parà (1965)

Come svaligiammo la Banca d’Italia (1966)

Le colte cantarono a morte e fu… tempo di massacro (Massacre Time, 1966)

Come rubammo la bomba atomica (1967)

Il lungo, il corto, il gatto (The Long, the short, and the Cat) (1967)

1967 – Operação São Pedro (1967)

1969 – Uma Sobre a Outra – Una Sull’Altra

Beatrice Cenci (The Conspiracy of Torture, 1969)

1971 – Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher – Una Lucertola con la Pelle di Donna

1972 – O Deputado Erótico – All’onorevole piacciono le donne (Nonostante le apparenze e purché la Nazione non lo sappia…)

1972 – O Segredo do Bosque dos Sonhos / O Estranho Segredo do Bosque dos Sonhos – Non si sevizia un paperino

1973 – Presas Brancas / Desafio ao Lobo Branco – White Fang

The Challenge to White Fang (1974)

Il cavaliere Costante Nicosia demoniaco… ovvero Dracula in Brianza (Young Dracula/Dracula in the Provinces (1975)

1975 – Os Quatro do Apocalipse – The Four of the Apocalypse

La pretora (1976)

1977 – Premonição – Sette Note in Nero (Seven Notes in Black, The Psychic)

1978 – Sela de Prata – Silver Saddle

1979 – Zombie A volta dos Mortos – Zombi 2 (Zombie Flesh Eaters, Zombie, 1979)

Contraband (1980)

1980 – Pavor na Cidade dos Zumbis – Paura nella Ciittà dei Morti Viventi (The Gates of Hell)

1981 – O Gato Negro – Il Gatto Nero

1981 – Terror nas Trevas – …E tu Vivrai nel Terrore! L’Aldilà (Seven Doors of Death)

1981 – A Casa do Cemitério – Quella Villa Accanto al Cimitero

1982 – O Estripador de Nova York – The New York Ripper

Manhattan Baby (1982)

Conquest (1983)

I guerrieri dell’anno 2072 (The New Gladiators/Rome 2033 – The Fighter Centurions, 1984)

Murder-Rock (1984)

O Mel do Diabo – The Devil’s Honey (1986)

Aenigma (1987)

Zombi 3 (1988)

When Alice Broke the Mirror (também conhecido como Touch of Death, 1988)

Sodoma’s Ghost (também conhecido como The Ghosts of Sodom, 1988)

The Sweet House of Horrors (1989, TV)

The House of Clocks (1989, TV)

Demonia (1990)

Um gato no Cérebro – A Cat in the Brain (Nightmare Concert, 1990)

Vozes das Profundezas – Voices From Beyond (1991)

Porta Para o Silêncio – Door to Silence (1991)


Marcus Hemerly


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Marcus Hemerly
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