Verônica Moreira: ‘Com um contrato firmado’
Encontro-me em um beco sem saída, não há mais portas disponíveis, nem abertas, nem fechadas. Nem janelas entreabertas ou trancadas.
Conheço perfeitamente quem me aprisionou com sete chaves dentro de mim, e por mais que eu tente, não consigo me libertar.
O mais angustiante nesse absurdo é que ainda me culpo. Pois confiei todas as chaves àquele que afirma me amar e cuidar.
Minha liberdade foi roubada, não posso mais ir e vir, viver e existir. Foi-me tirado o direito de sorrir, consertar, rir e amar.
Tudo se tornou proibido, minha vida virou um peso, estou sentenciada a desaparecer. Meu nome é apenas memória.
Não sei até quando permanecerei oculta, lamentando. Até quando serei tratada como um objeto adquirido com um contrato firmado?
Eu anseio por uma oportunidade de ser eu mesma novamente. De ser a senhora de mim, do meu movimento, do meu desejo, do meu ser.
Verônica Moreira
Contatos com a autora
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