SAÚDE INTEGRAL
Joelson Mora: Artigo ‘A dor do luto’


Imagem criada pela IA do Bing
A saúde integral é um conceito abrangente que considera o bem-estar físico, mental, emocional, social e espiritual de um indivíduo. O luto é uma experiência universal que pode desafiar a saúde integral, especialmente devido à complexidade das emoções envolvidas. Uma distinção crucial dentro do processo de luto é entre a tristeza natural e a depressão clínica, cada uma com especificações para a saúde e o tratamento.
Tristeza
A tristeza é uma resposta emocional normal e saudável à perda. É uma parte natural do processo de luto e pode incluir:
– Choro frequente
– Sentimentos de vazio
– Saudade intensa
– Pensamentos recorrentes sobre a pessoa que se foi
– Dificuldade temporária em retomar atividades diárias
Esses sentimentos, embora dolorosos, tendem a diminuir em intensidade com o tempo, à medida que a pessoa se ajusta à perda.
Depressão
A depressão clínica, por outro lado, é um transtorno mental (CID F32) que pode se desenvolver durante o luto, mas vai além da tristeza normal. Seus sintomas incluem:
– Humor persistentemente deprimido na maior parte do dia
– Perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades
– Alterações significativas no apetite e no peso
– Insônia ou hipersonia
– Fadiga ou perda de energia
– Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva
– Dificuldade de concentração e indecisão
– Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
Esses sintomas persistem por pelo menos duas semanas e causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida.
Estima-se que aproximadamente 5% da população global esteja enlutada a qualquer momento, com variações dependendo do contexto cultural e demográfico . Nos Estados Unidos, cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem a cada ano, deixando em média 5 pessoas profundamente enlutadas decorrente de cada falecimento, o que significa que cerca de 12,5 milhões de pessoas passam pelo luto anualmente .
Pesquisas indicam que até 15% das pessoas enlutadas desenvolvem transtorno depressivo maior dentro do primeiro ano após a perda . A incidência de depressão entre pessoas que estão passando pelo luto é significativamente maior do que na população geral, onde a prevalência de depressão maior é cerca de 7% .
O impacto da depressão no contexto do luto pode ser profundo, afetando todas as dimensões da saúde integral:
Física: A depressão pode levar a problemas como doenças cardiovasculares, diabetes e disfunções imunológicas .
Mental e Emocional: A depressão intensifica a dor emocional e pode resultar em transtornos de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e outros problemas de saúde mental.
Social: A depressão pode levar ao isolamento social, enfraquecendo redes de apoio essenciais para a recuperação.
Espiritual: Pessoas em luto com depressão podem enfrentar crises espirituais, questionando sua fé ou perdendo o sentido de propósito na vida.
Um diagnóstico adequado é fundamental para distinguir entre tristeza e depressão. Profissionais de saúde mental utilizam critérios específicos do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) para diagnosticar a depressão. Avaliações clínicas e entrevistas detalhadas ajudam a identificar a presença e a gravidade dos sintomas.
Para aqueles que apresentam sintomas de depressão durante o luto, as intervenções podem incluir:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Eficaz para tratar a depressão, ajudando as pessoas a identificar e modificar padrões de pensamento negativo.
Terapia de Luto Complicado: Uma forma especializada de TCC desenvolvida especificamente para tratar o luto complicado e a depressão associada.
Medicamentos: Antidepressivos podem ser prescritos para ajudar a aliviar os sintomas de depressão.
Suporte Social: Redes de apoio, como grupos de luto e suporte comunitário, são cruciais para a recuperação.
Práticas de autocuidado continuam sendo vitais, incluindo:
– Manter uma rotina regular
– Praticar exercícios físicos
– Engajar-se em atividades prazerosas
– Buscar apoio espiritual ou religioso, se aplicável
A distinção entre tristeza e depressão no contexto do luto é crucial para a promoção da saúde integral. Enquanto a tristeza é uma parte natural e esperada do luto, a depressão requer intervenção profissional. Compreender essa diferença e implementar estratégias apropriadas pode ajudar a aliviar o impacto negativo do luto na saúde integral, promovendo uma recuperação saudável e equilibrada.
Joelson Mora
Contatos com o autor
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Natural de Assis (SP) e residente em Sorocaba (SP), é embaixador da saúde e personal trainer WTTC com MBA em saúde integral, especialista em musculação e condicionamento físico, autor do programa de treinamento físico Trabalhe sem Dor.
Apresentador do Joelson Podcast pela Fox Rock a rádio rock de Sorocaba, 87.7 FM. É escritor de crônicas, bem como de artigos científicos, publicados em revista científica de educação física e apresentados em congressos, a exemplo do 4⁰ Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde; III Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e IX Simpósio Paulista de Educação Física. Alguns artigos publicados:
– Influência de variáveis antropométricas no desempenho do Teste de Wingate; – Perfil antropométrico de universitários da Faculdade de Educação Física da Associação Cristã de Moços de Sorocaba;
– Diferenças sexuais da correlação entre testes motores e variáveis antropométricas em universitários; – – Predição da composição corporal em idosos: análise comparativa entre equações com dobras cutâneas e circunferências;
– Perfil antropométrico e motor de militares da cidade de Sorocaba.
Joelson, seus artigos, em geral, são importantíssimos para os leitores do ROL. Este, em particular, é de utilidade pública, dada a dimensão do desdobramento do luto, quando gera a depressão.
Obrigada por escrever artigos tão interessantes