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Reflexões no Dia Internacional da Mulher

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Joelson Mora

COLUNA SAÚDE INTEGRAL

‘Reflexões no Dia Internacional da Mulher’

Joelson Mora
Joelson Mora
Imagem criada por IA no Bing – 07 de março de 2025,
às 12:00 PM

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é mais do que uma data comemorativa. É um marco da luta feminina por igualdade, dignidade e respeito. O que começou como uma reivindicação por direitos trabalhistas no início do século XX se tornou um símbolo global da resistência contra a opressão, da conquista de direitos civis e da incessante busca pela liberdade feminina.

Mas, ao mesmo tempo em que celebramos as conquistas, também precisamos olhar para as cicatrizes dessa jornada. Quantas mulheres ainda vivem em sociedades que as silenciam, mutilam e subjugam? Quantas ainda carregam fardos que não escolheram?

Em 1911, o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em vários países, inspirado pelos movimentos trabalhistas que exigiam melhores condições e direito ao voto. A tragédia do incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, onde 146 mulheres morreram presas nas chamas devido à negligência dos patrões, impulsionou ainda mais essa luta. Desde então, mulheres ao redor do mundo se mobilizaram para garantir direitos básicos como educação, trabalho digno e participação política.

Porém, enquanto algumas mulheres conquistam espaço no mercado de trabalho e na política, outras continuam aprisionadas por costumes arcaicos. No Afeganistão, meninas são proibidas de estudar. Na Somália, a mutilação genital feminina é uma prática comum. Na Arábia Saudita, até pouco tempo atrás, mulheres não podiam dirigir.

O mundo evolui, mas a opressão feminina ainda é real e brutal.

A saúde da mulher sempre foi um campo de batalha. Durante séculos, seus corpos foram controlados, explorados e silenciados. No passado, mulheres que sofriam de depressão ou ansiedade eram rotuladas como “histéricas” e submetidas a tratamentos desumanos. Hoje, muitas ainda enfrentam diagnósticos tardios por serem desacreditadas em suas queixas médicas.

Dados alarmantes demonstram essa desigualdade:

Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre mulheres, mas pesquisas médicas ainda são majoritariamente baseadas em corpos masculinos.

A endometriose afeta 10% das mulheres em idade fértil, mas leva em média 7 anos para ser diagnosticada.

O câncer de mama é o mais letal entre as mulheres, mas em muitas regiões pobres, o acesso à mamografia é quase inexistente.

Além disso, as violências psicológicas e físicas impactam diretamente a saúde mental da mulher. Depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático são mais comuns entre elas, muitas vezes resultado de relacionamentos abusivos e violência doméstica.

A sociedade moldou a imagem da mulher como um objeto. Desde a publicidade até as redes sociais, há uma exigência contínua para que a mulher seja bonita, magra, sensual, mas sem ser “vulgar”. A sexualização precoce é normalizada, ao mesmo tempo em que a liberdade sexual feminina ainda é julgada.

Quem definiu que o corpo da mulher pertence ao olhar dos outros e não a ela mesma?

A resposta está enraizada na cultura patriarcal, que por séculos ditou regras sobre como a mulher deve se vestir, se comportar e até sentir prazer. A pornografia industrializou esse conceito, transformando a mulher em um produto a ser consumido.

Mas mulheres não são objetos. São donas de seus corpos e de suas histórias.

Muitas culturas defendem a circuncisão masculina como um rito de passagem ou uma questão de higiene. Embora polêmica, essa prática não impede a função sexual do homem.

Já a mutilação genital feminina (MGF) é um ato de brutalidade. Realizada em meninas entre 5 e 15 anos, a MGF envolve a remoção parcial ou total dos órgãos genitais femininos, causando dor insuportável, infecções, problemas sexuais e traumas psicológicos irreversíveis. O objetivo? Controlar a sexualidade da mulher, negando-lhe prazer e autonomia sobre seu corpo.

Essa prática ainda acontece em países como Somália, Sudão, Egito e Etiópia. Segundo a ONU, mais de 200 milhões de meninas e mulheres foram submetidas à mutilação genital.

Enquanto isso, em algumas sociedades ocidentais, há debates sobre cirurgias estéticas invasivas em meninas, como a labioplastia, para que seus corpos se enquadrem em padrões estéticos impostos. A diferença entre tradição e imposição cultural é tênue – e o impacto, devastador.

Ser mulher é carregar histórias, dores, conquistas e uma força ancestral. É saber que, apesar dos obstáculos, há uma voz que resiste, que se impõe e que grita por liberdade.

Mas o que ser livre significa para cada mulher?

É poder escolher sua carreira sem ser desmerecida?

É decidir sobre seu próprio corpo sem ser julgada?

É andar na rua sem sentir medo?

É ter espaço na política, na ciência, no esporte, sem ser questionada?

Cada mulher carrega sua própria resposta. O mais importante é que nenhuma mulher se cale diante do que lhe fere.

Homens e mulheres têm um papel nessa mudança. Precisamos questionar padrões, apoiar movimentos femininos, educar meninos para respeitarem as mulheres, criar ambientes seguros e oferecer apoio àquelas que ainda vivem sob o peso da opressão.

E você?

Você se respeita?

Você se permite ser quem realmente é?

Você fortalece outras mulheres ou as julga?

A liberdade feminina não é apenas um direito – é um chamado para que todas as mulheres vivam sua essência plena, sem medo, sem correntes e sem silenciamentos.

Neste Dia Internacional da Mulher, celebremos a luta, mas também a reflexão. Porque um mundo verdadeiramente livre só existirá quando todas as mulheres forem livres.

Joelson Mora

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