novembro 22, 2024
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Sônyah Moreira: 'Sapo esperneando'

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Sônyah Moreira:

‘SAPO  ESPERNEANDO’

 

Caro leitor, sem sombra de dúvida você deve estar se questionando de onde tirei essa maluquice de ‘sapo esperneando’!

Vamos lá! Diz o antológico ditado popular que: “Vingança é um prato que se come cru”. Eu, particularmente, não compactuo dessa máxima, mesmo porque, ao pagar as pessoas com a mesma moeda, descemos ao mesmo nível de baixeza. Porém, devido à minha ilustre descendência, prefiro resolver as questões quase que imediatamente, detesto ficar ruminando, já esparramo a brasa, e dali  cinco minutos, nem me lembro mais o porquê do destempero.

Deixemos de rodeios, vamos esclarecer o sapo! Diga-se de passagem, não virará príncipe nunca.

Como reza a etiqueta, temos que manter a pose a todo custo, pessoas com os nervos controlados são admiradas, servem de exemplo ímpar de lisura, concorda?

Ah! Sim o sapo! Já chego lá, calma! Tenho uma leve desconfiança, que irá concordar comigo ao final desta crônica.

Quantos sapos serão  engolidos ao longo de nossas vidas? Não se precipite, pense muito bem antes de chegar a um número!

Bom! Inúmeros, centenas de milhares de sapos engolidos, sim! Vou esclarecer!

Sapo esperneando, esse é o problema! Além de ter que engolir algo indigesto, ele, ao invés de descer quietinho, faz o maior banzé,esperneia, arranha a goela, não há meio de engoli-lo de maneira comportada.

Caro leitor, nosso estômago acaba virando um brejo, literalmente falando. A verdade é que  somos compelidos a vida inteira para  aprender a engolir sapos!

Veja, a coisa começa cedo, na tenra idade; os mais, digamos, antigos,  devem ter sofrido horrores nos primeiros anos de escola, era amiguinho chegado à valente, amigas  que se achavam uma Susy, Barbie, princesa de contos de fadas, e você, ali firme e forte, engolindo os sapinhos.

Bons ou maus tempos aqueles, não havia o verbete “bulling”.

O problema não está em engolir um ou outro sapo, está em como o desgraçado desce; você engole seco, tenta até empurrar a garganta com a mão, pra ver se melhora a  descida e, consequentemente, a digestão.

Tornamo-nos adultos e, com a maturidade, vêm as dores estomacais, as úlceras, ansiedade, e todos os problemas que derivam das esperneadas dos sapos engolidos ao longo da vida.

A sociedade está cada dia  mais propensa a fazer de nossas crianças exímios engolidores de sapos. Como dizem os teóricos: evoluímos! Será?

Não há evolução sem educação, sem a consciência de onde começa nosso espaço e termina o do outro, como na Física: “Dois corpos não ocupam o mesmo espaço” Portanto, respeitem o espaço alheio.

Exemplos de falta de ética, de  respeito e, principalmente, falta de   educação, estão estampados diariamente nos noticiários. Cruzamos com seres abomináveis, no trânsito, nos supermercados. Entre os companheiros de empresa, há  pessoas que não respeitam hierarquia, e, um lugar sem hierarquia, vira uma anarquia!

E o que dizer dos parentes? Esses, então, são um capítulo à parte. É,  vamos lá engolindo os sapos vida afora.

Pessoas exatamente iguais no que tange à anatomia humana, porém, infelizmente são  completamente diferentes no que se refere aos berços dos quais nascera. Humildade, honestidade, ética, são valores adquiridos no berço, no ventre da mãe, exemplos seguidos de boa conduta e ética.

Caro leitor, é obvio que existe a necessidade de ser cordial com todos, porém, não podemos nos tornar exímios engolidores de sapos. Chegará  o momento em que o brejo ficará cheio demais, e, como tudo quando chega ao limite, o que acontece? Transborda!

Antes de terminar esta crônica, eu  não poderia deixar de mencionar os maiores de todos os  sapos; sim, engolidos por toda a nação:  os sapos gordos e pançudos de nossos políticos, e esse ainda pagamos o pato!

Olha isso! Estou ouvindo um monte de coaxar!

 

Sônyah Moreira    sonyah.moreira@gmail.com

Sergio Diniz da Costa
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