Élcio Mário Pinto:
‘TÃO PERTO DA ESCRITA, TÃO LONGE DOS ESCRITORES’ – 1.ª Parte
Tenho realizado muitos eventos literários em escolas. Desde 2014 desenvolvo o projeto “O Escritor em todos os Cantos”, envolvendo escolas, empresas e igrejas. É uma forma de divulgar a Literatura, especialmente, para o público infanto-juvenil.
Mas, algo que deveria ser corriqueiro mostra-se desconhecido. Do que se trata?
Trata-se desta situação: a escola trabalha com a escrita em seu cotidiano. Ler e escrever fazem parte de sua existência como o sangue faz parte do corpo. Não é possível pensar em escola sem pensar em leitura e escrita. E se ela faz tal trabalho com tanto empenho, o que é que está faltando?
A resposta está no título deste escrito: crianças e jovens lidam com a escrita todos os dias. Têm contato com as letras e palavras escritas por outros, muitos outros. Mas, onde é que eles estão? Cadê aqueles que escreveram os textos apresentados pela escola e lidos pelos alunos? Onde estão seus escritores?
É verdade que parte de toda a escrita escolar cabe aos estudantes. Mas, aquela parte que já está em livros, apostilas, cadernos, dicionários, sejam ou não impressos, têm autores escritores. Novamente, a pergunta: onde estão seus escritores?
E se não for possível trazê-los para a escola? Muitos moram longe, cobram caro por uma visita, por uma conversa com os alunos, ainda que venham para apresentar suas obras. A isto, devo concordar: é verdade! Esta situação também existe. Mas, existe uma outra: escritores produzem – alguns publicam, outros não –, mas todos escrevem. Eles estão em todas as cidades, por muitos bairros e em tantos lugares que basta procurá-los e convidá-los: e aí, escritor, tudo bem? Você teria algum escrito para os alunos da escola? Você poderia nos visitar e conversar com os estudantes?
Se a escola não pode custear uma diária, esclareça: não podemos pagar. Mas, podemos oferecer um café. Você aceita? Vamos combinar?
Escritores e poetas deveriam andar pelas escolas como os advogados caminham pelo fórum e os médicos pelos hospitais. Como educadores, não podemos aceitar que os estudantes – crianças e jovens – não conheçam escritores e poetas (prosa e poesia).
E agora que sinto ter despertado a necessidade de trazer esse pessoal da escrita para a escola, penso que seja o momento de uma segunda conversa: como preparar a escola para acolher? Como envolver as crianças e os jovens? Como ler a produção de quem escreve e demonstrar que seu escrito foi trabalhado?
Vamos pensar juntos: da acolhida ao ambiente preparado, do espaço oferecido ao empenho para fazer da Literatura, da História, da Geografia, da Filosofia, enfim, das áreas do Saber Humano, partes de um PALCO DE APRENDIZAGEM… (Continua…)
ÉLCIO MÁRIO PINTO
26/08/2017
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