“Às vezes, tenho aquele receio de sair de casa e dirigir. O trânsito me incomoda e me faz sentir medo. Começando com a parte frontal de alguns veículos – aquela cara de cachorro bravo – até os que, desrespeitando os limites, circulam e ameaçam quem está dentro das regras estabelecidas.”
Se essa magia fosse boa, não colocaria entre aspas.
Bem, o que quero mesmo é dizer dos motoristas que colocam as crianças no banco traseiro, mas sem cinto ou sem cadeirinha, para os menores. Chamo de “carros mágicos”, porque trata-se de uma “magia” má, não magia do bem. Na primeira freada, quem estiver no banco traseiro será jogado, com violência, para a frente, esmagando quem estiver no banco dianteiro e com direção certa para o vidro chamado de para-brisa. E a justificativa de quem dirige com criança sem cinto é esta: só coloca por causa do guarda. E eu que pensava que os adultos, principalmente, pai e mãe pensassem na segurança da criança. Será que sou muito inocente?
Vamos em frente!
Agora me parece que a moda é esta: dar a seta para a direita ou para a esquerda só quando estiver fazendo a conversão, ou como se diz popularmente, virando. Antes disso, parece-me ser comum que não se dê seta. Sem seta não se pensa no trânsito como uma coletividade em movimento, mas somente em quem está fazendo a manobra. A direção defensiva aqui, sequer existe. Aqui, vale mesmo é a direção ofensiva, agressiva e de indiferença. Isto quer dizer: quem dirige assim não se importa com mais ninguém, seja motorista, seja pedestre. Agora tive vontade de chorar. Será que continuo inocente?
Mas, a postura dos motoristas, parece-me, que não acaba assim. Também vejo que poucos se importam com as luzes de freio e até com os faróis acesos. Se não tem polícia para vigiar, o limite de velocidade é esquecido. Não há preocupação com a segurança do coletivo no trânsito: pedestres, motoristas, veículos, animais, enfim, um enorme conjunto em movimento.
Quer dizer então, que é moda frear sem luz de freio?
É moda não dar seta para a direita ou para a esquerda?
É moda, quando dar a seta, sabe-se lá quando, somente na hora da virada e não antes para que o motorista de trás saiba com antecedência?
É moda circular em velocidade muito acima do limite? Por exemplo, na marginal da rodovia Raposo Tavares, trecho do perímetro urbano de Sorocaba, o limite é de 70 km/h. Mas, os motoristas só obedecem se houver polícia no trecho. Quando não há polícia, o hábito é circular, pelo menos, a 80 km/h e daí, até os 100 km/h. É o que constato, já que trafego por lá todo dia e andando a 70 km/h fico bem atrás de todo mundo.
Às vezes, tenho aquele receio de sair de casa e dirigir. O trânsito me incomoda e me faz sentir medo. Começando com a parte frontal de alguns veículos – aquela cara de cachorro bravo – até os que, desrespeitando os limites, circulam e ameaçam quem está dentro das regras estabelecidas.
Para terminar, pergunto: será que já chegou o tempo em que a pessoa sentiria vergonha por ser honesta? Que o nosso trânsito responda.
ÉLCIO MÁRIO PINTO
05/01/2018
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024