Pedro Israel Novaes de Almeida – POVO PORCO
O aumento da produção de lixo é o ponto comum a todos os povos.
Embalagens facilitam a venda e valorizam os produtos, gerando toneladas de materiais descartáveis. A partir dos anos 80, o volume dos invólucros passou a ser semelhante ao dos alimentos e materiais ingeridos.
Sacolas plásticas, disponíveis em supermercados, já figuraram como heróis e bandidos da comodidade humana, com períodos inconstantes de proibição. Hoje, aparecem dispersos por todas as áreas, enroscados em cercas, adornando rabos de vira-latas ou emporcalhando praças e praias.
A humanidade ainda acredita que o problema do lixo acaba quando de sua colocação fora do domicílio. A poluição ainda é popularmente menosprezada, quando ocorre fora dos limites territoriais das residências.
Aos poucos, e a duras penas, constatamos que pilhas, cascas de banana, restos hospitalares, plásticos e isopor não mais podiam conviver em harmonia, após descartados. Aos poucos, os amontoados de lixo começaram a contaminar o solo, ar e recursos hídricos, servindo ainda de fonte inesgotável de insetos, bactérias e fungos que atentam contra a saúde, inclusive humana.
Nos rios e oceanos, espécies são ameaçadas pela ingestão de plásticos.
A primeira providência humana foi a tentativa de separar restos orgânicos de inorgânicos, diminuindo o volume dos lixões e permitindo a reciclagem de diversos materiais, com significativa economia de água e energia, para o fabrico de novos produtos. Ainda engatinhamos nessa primeira etapa.
A maioria dos municípios sequer conta com aterros sanitários, e não promove muitos esforços para a reciclagem. Sequer a separação de orgânicos e inorgânicos é praticada, pela maioria da população.
Lixeiros, social e financeiramente desvalorizados, ainda recolhem o lixo descartado em dezenas de sacolinhas, em uma única residência. Não raro, sofrem acidentes com cacos de vidro e metais ponteagudos, misturados nas embalagens.
Os lixões geraram ocupações que sustentam milhares de famílias, garimpando, de maneira insalubre, materiais recicláveis. Catadores de reciclados, muitos membros de cooperativas e associações, guerreiam pela coleta dos materiais, ainda uma pequena parcela do lixo, disponibilizada por uma ou outra família.
Catadores ainda recebem poucas atenções dos poderes públicos, embora em algumas cidades já recebam algum dinheiro, quando apresentam notas fiscais de vendas dos produtos coletados. Geralmente, são auxiliados por caminhões de transporte e espaço para trabalhar.
São raras as lixeiras dispersas pelas cidades, e muitos os atos de vandalismo, quando disponíveis. Pequenos lixões surgem diariamente, com restos de construção, sofás, animais mortos e toda a espécie de descartados.
Cresce dia-a-dia a indústria de reciclados, e são grandes os investimentos em pesquisa, no setor. A indústria de materiais mais poluentes, como eletrônicos e defensivos, começa a ser obrigada a recolher os resíduos que gera.
Na questão do lixo, ainda vivemos a idade da pedra lascada.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.