“Plantei uma muda de poesia/ E, ao mesmo tempo e bem perto dela,/ Plantei uma semente de mudança…”
Lavorando de clássico a clássico…
Plantei uma muda de poesia
E, ao mesmo tempo e bem perto dela,
Plantei uma semente de mudança…
.
Depois de alguns dias,
A primeira, claro que um pouco mais viçosa,
Começou a poetizar e a crescer…
A segunda, ainda sob os mantos da terra,
Começou a crescer e a se revelar uma nova muda…
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A primeira muda (poesia), já adolescente,
E a segunda muda (mudança), já saltando da infância
Para uma nova adolescência que alcança
Uma das últimas fases da adolescência da primeira…
.
De repente a segunda muda abraça a anterior e atual,
A adolescência mais jovem alcança
E abraça a adolescência menos jovem,
E ambas descobrem que, de mudas em comum,
Tinham apenas a biologia terrena,
Mas, de mudas, caladas, não tinham nada,
Pois eram e ainda são inquietas, pulsantes,
Comunicativas e sempre atuais, derradeiras e jovens:
Percebem que nem toda poesia é absoluta ou eterna,
Que nem todo passado é retrógrado ou estéril,
E que nem toda atualização ou mudança
São uma proposta daninha…
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Assim a poesia e a mudança
Encontram-se e caminham juntas,
Ora unindo e confrontando tradições,
Ora produzindo e conciliando resultados clássicos,
Abertos e ávidos a novas plantações e interações!!!
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Assim brota, primeiro, a poesia singela,
E brota, em seguida, a mudança…
E ambas se abraçam e se confrontam,
Dão sempre um jeito de se realinharem
E tornarem o solo sempre fértil
Para as gerações artísticas atuais,
Ora meio experientes, ora recém-nascidas,
E para a posteridade poética, sempre mutável,
Passo a passo, de interação em interação,
De revolução em revolução,
De clássico a clássico…
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Cassiano Ricardo Miranda (Sorocaba/SP, 30/03/2018).
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