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Pedro Novaes: 'Larápios e cortezes'

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Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘LARÁPIOS E CORTEZES’

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É difícil admitir, mas nosso maior problema ainda é a desonestidade.

Quando aliados, desonestos do setor público e privado conseguem a façanha de driblar mecanismos de controle e estruturas de fiscalização, apodrecidas tão logo demonstrem alguma eficiência e impessoalidade.

Embora a desonestidade também habite o setor privado, seu campo de atuação é pródigo no setor público, com vítimas difusas, dando a impressão de que os lesados não são todos os habitantes, mas somente o tal tesouro público. Por séculos, nossos corruptos foram, popularmente, aclamados como espertos e poderosos, e só recentemente alcançaram, ainda tímida, a fama de ladrões.

O defeito da honestidade sempre foi uma mácula, a impedir o acesso de funcionários públicos a melhores cargos. São milhões os funcionários desestimulados e isolados, por serem portadores da terrível e incurável doença da honestidade.

Também no campo político, representantes honestos não conseguem apadrinhar verbas e feitos públicos, ou integrar órgãos e comissões legislativas de alguma visibilidade. São, sempre, candidatos à não reeleição, eis que vistos, pelo eleitorado, como pouco atuantes.

Para disfarçar o império da desonestidade, funcionários técnicos são instados ao apodrecido “jogo de cintura”, pomposo nome da postura de emitir relatórios e pareceres inconclusos, deixando ao superior a gloriosa função de decidir, sem o alerta da existência de qualquer óbice ou inconveniência técnica.

Órgãos, empresas e estruturas públicas constituem a menina dos olhos dos desonestos. Ali, fincam raízes e fundam feudos, nomeando assessores e esgrimindo as canetas que autorizam contratos e pagamentos.

Funcionários comissionados, pontas de lança de gestões desonestas, são nomeados com pouca ou nenhuma base em qualificação técnica, sendo, por óbvio, referidos como “de confiança”. Não raro, aportam em cargos e funções importantes, impedindo a qualificação e profissionalização dos serviços públicos.

É ostensiva e desavergonhada a disputa parlamentar por ministérios, empresas e órgãos da administração pública. A ciência tenta, sem sucesso, descobrir algum nobre ideal em tais anseios.

A constitucional separação dos poderes, preconizados independentes e harmônicos, é mera falácia, mentira erigida a postulado. A desonestidade consegue fincar raízes em todos os poderes, eis que tem sido determinante, nas nomeações e viabilizações orçamentárias.

A bancada da desonestidade abrange representantes de todos os espectros partidários, e atua com invulgar coesão, na defesa de seus nada nobres ideais. Possui atuação federal, estadual e municipal, com extrema e recompensada capilaridade.

Desonestos não atuam uniformizados, mas possuem, em comum, a simpatia, o discurso moralista, a preocupação com os pobres e oprimidos e a incontida ânsia de transformar o país, estado ou cidade, em paraísos. Estão em ruas e esquinas, alardeando como favores pessoais as obras e iniciativas públicas, que não foram custeadas pelo próprio bolso. Só não confessam as omissões e conivências, que possibilitaram de tais feitos.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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