novembro 21, 2024
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Pedro Israel Novaes de Almeida: 'Bons e maus'

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Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘Bons e maus’

Contrariando estudos e pesquisas, continuo acreditando que existem pessoas irremediavelmente más e pessoas irremediavelmente boas.

A afirmação soa fatalista, condenatória à pena perpétua, por não acreditar em mudanças na índole humana. No fundo, trata-se de dar pouco realce à possibilidade de modificar características havidas desde o ventre e berço.

Pessoas más podem, ao longo da vida, assumirem posturas de pessoas boas, por conveniência ou circunstâncias, mas guardam, intocadas, a capacidade de serem cruéis e egoístas. Pode ocorrer de jamais a face cruel ser demonstrada, por absoluta desnecessidade.

As revelações do potencial de crueldade ou bondade das pessoas ocorrem, não raro, quando do atingimento de algum poder, ou quando da possibilidade de algum ganho material, ainda que ilícito ou imoral.

Assim, subalternos respeitosos, prestativos e amistosos podem, fato corriqueiro, transformarem-se em chefes desumanos e despóticos. No caso, houve o simples demonstrar de uma índole cruel, até então não revelada.

Por vezes, índoles radicalmente contrárias convivem, nas mesmas pessoas. Corruptos são, não raro, pais amorosos e maridos exemplares, honestíssimos nas negociações com amigos.

Alguém disse, e foi tido como idiota, que todo homem tem seu preço. Pessoas boas possuem um preço tão elevado que passam a vida toda sem que surja alguma oportunidade de revela-lo.

Não é bom quem acaricia uma criança ou perdoa um malfeito, mas maltrata um cachorro, ou mata um pássaro.  Não é bom, e sequer garanhão, o marido ou namorado que prega a fidelidade, mas sente um enorme orgulho de jamais praticá-la.

O mundo anda repleto de pessoas boas e pessoas más. Pessoas boas dificilmente ganham notoriedade ou figuram como exemplo.

Pessoas más possuem mais iniciativa, não raro são mais dinâmicas e, quase sempre, acabam aplaudidas. Na política, acabam reeleitas, ao contrário da maioria das pessoas boas, a quem pouco importa a perpetuação do mandato.

A religiosidade não distingue pessoas boas de pessoas más, e pregações, vez ou outra, auxiliam a domesticação de tendências à barbárie. É comum a manifestação de solidariedade aos irmãos e repulsa aos não parentes de fé.

Em tempos tão difíceis, nada mais resta senão serpentear por entre bons e maus, premiando e estimulando uns e repelindo outros. O convívio com plantas e animais garantem tréguas preciosas na guerra diária em que todos combatemos.

Não convém permitir que a ousadia dos maus iniba as obras e rotinas dos bons.  A bondade não deve jamais ser confundida com mansidão, e convém não esquecer que o pregador da paz, acertadamente, não titubeou em chicotear os que profanavam seu templo.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Sergio Diniz da Costa
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