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Fábio Ávila: 'Brasil, falso país do futuro'

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Fabio Ávila

Brasil, Falso País do Futuro

O céu estava acinzentado. O vento suave carregava em seus movimentos doses de nostalgia ao meu perceber. A luminosidade sob efeito dos raios solares filtrados por espessas nuvens pareciam acariciar as formas curvas de fachadas das edificações seculares remanescentes do período áureo das manifestações arquitetônicas da outrora elegante Terra da Garoa.

Caminhando, buscando refúgio através do semblante de elegantes janelas e frondosas portas datadas de há décadas, imagino jovens debruçados em balcões e sacadas de onde poderiam admirar a paisagem urbana do entreguerras (de 1918 a 1939) e após a reconstrução do pós-guerra a partir de 1945. Fico, então, com a sensação de procurar nos semblantes existentes, e que se foram, o art nouveau e o art déco, no sistemático desrespeito ocorrido ao passado histórico-arquitetônico, após a possessão do espírito capitalista selvagem no pais do vale tudo.

Estamos no Brasil, no inicio do ano de 2019. São Paulo está violentada, desfigurada, mutilada, desrespeitada, invadida e brutalmente maculada pela destruição de seu passado, da implosão da educação e do espírito de solidariedade entre amigos e familiares quando, em época glórias, a população era educada sob a influência dos “ares europeus” e, em especial, do pensamento liberal francês.

Nos encontramos em uma encruzilhada: cidades aviltadas, população deseducada e semianalfabeta, burguesia embrutecida e consumista, classe média detentora de parcos conhecimentos sobre as realidades locais e sobre a evolução do país, em 130 anos de República.

Desde 1889 o Brasil busca acertar o caminho para que se torne uma nação aprazível e economicamente evoluída, porém, além dos governantes ávidos pelo poder e por dinheiro, temos uma população altivamente grosseira e desconhecedora das normas vitais para o espírito cívico dentro de uma nação onde haja solidariedade de todos e para com todos.

Pouco jovens brasileiros têm noção do que ocorre com esta parte de um dos continentes americanos, desde quando os portugueses chegaram nesta região no século 16. São 519 anos de descontrole e de falta do sentimento de orgulho de fazer parte de uma nação onde o respeito pelo outro deveria ser a regra principal e inicial para a evolução do Verdadeiro Brasil, falso “País do Futuro”.

    
Helio Rubens
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