Pedro Israel Novaes de Almeida:
‘VAMOS QUE VAMOS’
Em meio a trapalhadas e incontinências verbais, próprias de todos os governos em início de mandato, o Brasil segue tentando reverter nossa grave crise fiscal, econômica e ética.
Temos um presidente que não consegue sequer ir à padaria da esquina, submetido a severas interferências médicas e incômodos causados pelo atentado que sofreu, em meio à campanha eleitoral. O enunciado de gabinetes formados sem barganhas partidárias elevou ao primeiro escalão um time de brasileiros que não compunham um grupo coeso e familiarizado com os meandros e entranhas do poder.
Bolsonaro venceu as eleições de maneira extraordinária, mais pela repulsa a defeitos de adversários que propriamente pela apresentação de um plano detalhado de ações. A eleição, com poucos recursos midiáticos e minguados recursos financeiros, negou, na prática, todos os parâmetros e viabilidades eleitorais que, imperaram por décadas.
Acertadamente, Bolsonaro assentou, como base de gestão, Guedes e Moro, demonstrando a relevância dos temas econômicos, da justiça e segurança. A popularidade e idoneidade de Moro emprestou elevada credibilidade ao novo governo.
Por familiaridade de formação, origem e relacionamento pessoal, soa lógico que o presidente tenha ido buscar, nas Forças Armadas, grande número de colaboradores, estrategicamente postados ao longo das estruturas oficiais. Os militares de alto coturno conseguiram, a duras penas, amenizar imagens históricas de truculência, nem sempre justas.
Na seara parlamentar, novas personagens ainda revelam certo amadorismo nas ações e engendramentos, com falas desencontradas e baixa organicidade. Só o estrelismo individual pode comprometer o intento oficial de amealhar uma sólida base legislativa.
O voluntarismo de alguns membros do Executivo ainda revela o pouco amadurecimento das relações entre componentes dos mais altos escalões, municiando explosivas contestações da mídia e opositores.
A economia tem respondido positivamente aos acenos e medidas oficiais do novo governo, e é inegável que o país respira novos ares. A inspiração conservadora, a luta contra a impunidade, o ingrediente liberal rumo ao racional e pouco perdulário uso de recursos públicos encontram eco em aspirações populares de longa data.
O novo governo enfrenta forte e crítica contestação midiática e partidária, tentando a todos o custo isolar frases infelizes e situações individuais embaraçosas, evitando que pareçam ter a chancela oficial.
O bombardeio ao novo governo tem sido amenizado pelas redes sociais, que seguem afirmando as inspirações e valores que desaguaram no ineditismo de um resultado eleitoral totalmente imprevisto. É difícil conferir organicidade e coerência a um governo em instalação, mas os desencontros tornam-se, a cada dia, menores.
Estamos todos no mesmo barco, e seremos todos atingidos pelos sucessos e insucessos oficiais, restando como útil e colaboração de apoio a medidas acertadas e civilizada contestação a medidas de menor acerto.
Temos, enfim, a oportunidade de um novo rumo, e devemos aproveitá-la, eis que já experimentamos, há décadas, os infortúnios de governos desavergonhados e corruptos, que solaparam instituições e aprofundaram os desacertos e fisiologismos de nosso sistema.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.