outubro 05, 2024
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Marcelo Paiva: 'O módulo da arquitetura e urbanismo'

Marcelo Paiva Pereira

O MÓDULO NA ARQUITETURA E URBANISMO

 

O módulo é uma fonte de medida comumente utilizada nos projetos de arquitetura e urbanismo. De origem muito antiga, chegou aos atuais dias dissociado de suas originais fontes de criação. O presente texto o abordará, mesmo superficialmente, como abaixo segue.

Módulo é uma medida que regula as proporções de uma obra arquitetônica e a organização dos elementos que a compõem, desde o início do desenho até a conclusão da obra.

É um comando e conduz à padronização as medidas da obra e dos seus elementos. Tem natureza de padronização e a finalidade de reduzir custos de produção.

Suas fontes remontam à Grécia Antiga, período em que o corpo humano servia de paradigma às obras arquitetônicas, baseadas nas medidas de cada membro e nas proporções entre eles.

No período renascentista Leonardo da Vinci redesenhou o corpo humano, cujo centro ele pôs no umbigo e extraiu as medidas de cada membro e as proporções entre eles.

Cabe salientar que somente após a Revolução Francesa surgiu o sistema métrico decimal (como são o metro e o centímetro), que alterou as referências de medidas e proporções. Antes dele eram utilizadas as medidas imperiais, baseadas nas partes e membros do corpo humano (como são as polegadas e os pés).

No século XX Le Corbusier criou o “Modulor”, figura baseada nas medidas humanas e proporções entre os membros, com vistas a servir de paradigma aos desenhos arquitetônicos.

Outra antiga fonte de padronização é o tatame, espécie de colchão criado pelos japoneses com o qual fixavam as medidas das construções em que moravam e trabalhavam. Referida fonte mede 90 cm x 180 cm.

Após a Segunda Guerra Mundial os norte-americanos criaram o desenho universal, com suporte nas medidas dos homens e das mulheres, para servir de paradigma aos projetos industriais e, também, atender as pessoas portadoras de necessidades especiais.

O módulo serve de fonte – paradigma – de projetos arquitetônicos racionalizados e industrializados. Nos primeiros o módulo é produzido “in loco”, no canteiro de obras da construção; enquanto nos demais o módulo é pré-fabricado, produzido pela indústria.

A coordenação modular é elementar do módulo, visto que a repetição deste induz à aquele, na razão da execução do projeto ou construção da obra. É a repetição ordenada de seus componentes e planejada de uma medida pré-definida. Visa à industrialização padronizada, simplificação das obras e redução dos custos de produção. Transforma a tarefa de construir em atividade de montagem e reduz a produção de resíduos. O Palácio de Cristal, construído em 1851 para a exposição do aço, em Londres, foi a primeira obra construída com coordenação modular.

Nas décadas de 50 e 60 do século XX os países industrializados da Europa e os da América do Norte acolheram a coordenação modular. No Brasil, em 2010 a ABNT editou a norma NBR 15873, que cancelou e substituiu várias normas anteriores (1977 e 1982) e trata da coordenação modular na construção civil.

Atualmente o módulo encontra-se dissociado das medidas e proporções do corpo humano. São aleatórias, baseadas na oportunidade e conveniência do arquiteto e urbanista, e pensadas para atribuir o melhor aproveitamento de material e o menor custo industrial em relação a cada objeto a ser industrializado, sem prejuízo da qualidade e com vistas ao melhor uso pelas pessoas.

Na arquitetura e urbanismo o módulo segue o entendimento atual, e para cada projeto há módulos com medidas próprias. Como exemplos, módulos de 3,0 m x 3,0 m ou 3,0 m x 6,0 m para habitações; e 25 m x 50 m ou 50 m x 50 m para quadras urbanas (vilas, bairros, loteamentos e condomínios). Além destes há muitos outros, pensados pelos arquitetos e urbanistas conforme a oportunidade e conveniência deles em relação aos projetos a que se destinam.

CONCLUSÃO

O módulo é uma referência definida por alguma fonte, seja o corpo humano ou a discricionariedade do arquiteto e urbanista, com vistas à modulação (padronização das dimensões) de um objeto ou obra e seus elementos.

Na arquitetura e urbanismo as dimensões do módulo podem ter várias medidas, que podem ser muito grandes, como são exemplos as das quadras urbanas, ou menores, como as pensadas para as habitações (inclusive as populares).

Em qualquer caso a coordenação modular é sua elementar, porque dela resultam os objetos e obras concluídas, além de favorecer a redução de custos e de resíduos e propiciar a melhor integração das pessoas com os objetos.

Em suma, módulo é uma “camisa-de-força”, que tipifica (envolve) o projeto e o define de acordo com sua coordenação modular desde o desenho até o exaurimento da sua execução. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira

(o autor é arquiteto e urbanista)

 

FONTES DE PESQUISA

TARALLI, Cibele Haddad, et al. Arquitetura e Indústria. FAUUSP. De 27.02 a 16.06.2014. Anotações de aulas. Não publicadas.

http://az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/07/sergio-leusin-coordenacao-modular.pdf. Acessado em 01.08.2019;

https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf. Acessado em 01.08.2019;

 

Imagem 1:

https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Crystal_Palace. Acessado em 01.08.2019;

 

Imagens 2 e 3:

Arquivo pessoal.

Helio Rubens
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