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LULA FAZ A AFIRMAÇÃO MAIS DESASTRADA
DE SUA VIDA INTEIRA: “AINDA BEM QUE
A NATUREZA CRIOU O CORONAVÍRUS”.
“Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada…
Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.“
Enxugada a verborragia do Lula, sobra exatamente isto: “Ainda bem que a natureza criou o coronavírus, [para] que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”
Calado, o Lula é um poeta.
A definição mordaz que Romário deu de Pelé cairá melhor, a partir de agora, para o Lula, depois das impropriedades e inconveniências que ele conseguiu condensar em 64 palavras, durante entrevista à Carta Capital desta semana. Pior, impossível! Superou de longe “o brasileiro não sabe votar” do Pelé. Se não, vejamos:
1. É um desrespeito à memória de dezenas de milhares de brasileiros mortos pela Covid-19 (a contagem de cadáveres oficial já se aproxima de 20 mil óbitos, mas a real dificilmente será inferior a 100 mil) e à dor de seus parentes e amigos. Já não bastava o “E daí?” do Bolsonaro?!
2. Mesmo que a peste venha a nos livrar do Bozo, como tudo indica que sucederá, ainda assim não seria o caso de dizermos “ainda bem que ela ocorreu”. Deveríamos ter sido capazes de expulsar o bode da sala por nossos próprios méritos, não como consequência de uma tragédia humanitária.
3. Como pode o quadro mais influente de um partido passar tal recibo de impotência, ao reconhecer que sua agremiação seria incapaz de fazer o povo enxergar algo caso um monstro não lhe desse uma forcinha? Ora, se o atingimento dos objetivos depende de ocorrências tão raras quanto uma pandemia, é melhor dispensar os dirigentes e tentar convencer Deus a tomar-lhes o lugar…
4. Quando o PT atravessa seu pior momento desde a fundação, aproximando-se a passos largos da irrelevância, Lula faz uma desnecessária e inoportuna profissão de fé no Estado, colocando-se na contramão tanto do anarquismo quanto das várias correntes marxistas que acreditam na abolição do Estado como uma das premissas da libertação definitiva da humanidade (pois esta teria como estágio final uma sociedade sem patrões, sem classes, sem Estado, sem nações, sem forças armadas e sem burocracias parasitárias com poderes discricionários, na qual os seres humanos colaborassem volutaria e solidariamente para o bem comum).
Num momento em que o Bozo multiplica as demonstrações de desumanidade, agredindo com perturbadora frequência a sensibilidade do povo brasileiro, o que menos precisávamos é de uma incontinência verbal do Lula na mesma direção. Deveria ter seguido o sábio conselho que o rei Juan Carlos deu certa vez ao Chavez: “Por qué não te callas?”. (por Celso Lungaretti)
Face à enxurrada de críticas que despencou sobre o Lula por haver dito que o coronavírus permitiu que os cegos enxergassem (vide aqui), ele mais tarde se desculpou, afirmando que sua frase havia sido “totalmente infeliz” ao dar a impressão de que ele estaria “comemorando a pandemia”.
Mas, no afã de justificar-se, fez uma verdadeira profissão de fé estatólatra, mostrando mais uma vez que está muito longe dos valores originais marxistas e muito próximo dos desvios autoritários que os descaracterizaram no século passado: “Eu queria dizer que o Estado –e somente o Estado– é capaz de resolver questões que o mercado não vai resolver”.
Parece jamais lhe passar pela cabeça que tais questões possam ser resolvidas pela cooperação solidária e voluntária dos seres humanos, sem patrão e sem Estado.
Parece jamais lembrar-se do magnífico exemplo dos mutirões do seu Nordeste natal, como se o patrão capitalista só pudesse ser substituído pelo Estado patrão e ao povo fosse vedado, por algum 11º mandamento que não é encontrado em Bíblia nenhuma, dispensar ambos os patrões.
Cada um tira dos acontecimentos a lição que suas convicções lhe permitem enxergar.
As minha é bem diferente da do Lula: homens livres de todos os grilhões, acostumado a resolverem seus problemas em conjunto, ajudando uns aos outros, e que não sofressem a brutal exploração do capitalismo brasileiro, adeririam de pronto ao distanciamento e às demais medidas necessárias para se reduzirem a devastação e as perdas humanas causadas pela Covid-19.
E, o mais importante: teriam condições materiais para fazê-lo, pois não dependeriam do trabalho do dia para botarem comida na mesa familiar à noite nem viveriam amontoados em moradas tão precárias e exíguas, verdadeiros acintes à dignidade do ser humano.
Em sua estreiteza de visão de quem não ousa admitir o imperativo da superação do capitalismo, Lula esquece que, com o quadro trágico da miserabilidade que é imposta à maioria do povo brasileiro, mesmo que o SUS não houvesse sido sucateado seria impossível reduzir-se substancialmente a abrangência da contaminação e a letalidade da peste (por Celso Lungaretti)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional