Cidade Metropolitana
Em grego antigo metrópole significa “cidade-mãe”, que exerce influência econômica, social, cultural e política nas cidades menores ao seu entorno. Apesar da aparente redundância, “cidade metropolitana” é plurimunicipal, contém uma nuclear, maior, mais densamente habitada e com mais circulação de bens, serviços e pessoas do que aquelas com as quais se conecta.
O espaço regional é descontínuo e assimétrico, resulta do crescimento populacional e da expansão territorial ramificada, da qual vários ramos convergem uns com outros, enquanto ainda outros deles se distanciam. Dão causa a uma urbanização dissipada, espalhada, com escala macrometropolitana, muito maior do que a escala humana.
O crescimento urbano acontece nos níveis da urbanização, do loteamento e da edificação. As áreas contíguas ao redor do centro urbano ou das regiões centrais, assim como estas, beneficiam-se da urbanização, da organização e da infraestrutura urbana e também possuem loteamentos e edificações legais e regulares. A periferia e as favelas não se beneficiam da urbanização; elas carecem de organização e infraestrutura urbana e possuem edificações irregulares; a periferia possui parcelamento irregular da terra, enquanto as favelas surgiram da invasão de terras.
Os processos de urbanização são instrumentos de ação à implantação da cidade ou à intervenção a se fazer nela (instrumentos operacionais à urbanização) e tem, por características, a localização e a forma de ocupação, insumos (água, luz e gás) para distribuição e uso, descarga de resíduos e atendimento às demandas sociais (saúde, habitação, educação, transporte e etc).
A urbanização gera efeitos no clima (afeta a temperatura e as estações chuvosas), na hidrologia (impermeabiliza o solo), na morfologia (afeta o sítio urbano) e na biogeografia (retira a cobertura vegetal). Além destes (externos), produz efeitos (internos) nocivos à cidade: desperdício de solo urbano, abandono ou mau uso de áreas consolidadas, locais com inadequado transporte público e atividades urbanas em locais inapropriados. A metrópole deve ser pensada, tratada e conjugada com o meio ambiente natural. Submeter-se-á à intervenção sempre que for oportuno e conveniente.
A intervenção na metrópole deverá considerar o meio ambiente, o conforto e a circulação de pessoas para que estas agilizem a de bens e serviços. Dependerá, para tanto, de um projeto urbanístico (desenho do arquiteto e urbanista), planejamento urbano (definição das necessidades em cada trecho) e projeto urbano (intervenção a ser implantada). Este último deverá conter a dimensão ambiental do projeto e as dimensões física, estratégica, jurídica e institucional (oficial) da intervenção.
Em suma, cidade metropolitana é plurimunicipal, exerce grande influência nas cidades menores do entorno, tem espaço urbano dissipado, atinge o meio ambiente natural e a ela própria com os efeitos das suas tipologias. Possui escala macrometropolitana e depende de oportunas e convenientes intervenções para assegurar o conforto e a circulação de pessoas, bens e serviços e reequilibrar sua existência com o meio ambiente natural. Nada a mais.
Marcelo Augusto Paiva Pereira
Arquiteto e urbanista
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Natural de São Paulo (SP), Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista